quinta-feira, dezembro 30, 2010

Desejo perfumado

Desejo perfumado

Ai, este ar... é tão pesado
Parece quase... ferro...
Respira-lo... mesmo só um bocado...
É um lugar no cemitério onde me enterro...

Os músculos do meu corpo doem sem cessar!
Haverá calendário que tenha marcado?!
Quando esta dor vai parar?!
Ai este ar... é tão, mas tão pesado...

Dói-me do âmago do meu ser à ponta dos meus cabelos
É tanta a dor que até sangra a minha alma
Mas esses pingos de sangue só eu consigo vê-los
E é tanto o pânico mas também é tanta a calma

Só há um remédio para esta dor...
Esse remédio é o teu perfume natural!
Deixa-me cheira-lo para fim do meu horror
Só preciso do cheiro e de mais nenhum mal

O teu corpo saltando sobre o meu
Nas tuas deliciosas pernas a minha mão arrasto
Se desvanece a dor agora é só tu e eu
Cheiro-te taciturno, concentrado, nefasto.

Mas fartaste-te da minha desesperada durabilidade
Então deixas-me de rude e execrável maneira
Despedindo-te sem expressão de possível saudade
E vejo-te agarrado a outro tal rameira.

O ar dói a respirar e pesa de novo...
Dói-me não ter a doçura da tua pele
O roçar dos teus pêlos púbicos quando me movo
Sentir a tua vagina de sabor a mel

Esta dor nos meus músculos não me deixa em paz
E tenho um frasco de clorofórmio a meu alcance
Encontro-te na rua e apanho-te por trás
Deito a tua face no meu ombro enquanto me olhas de relance

Cheiro os teus cabelos cuidadosamente lavados
Podes ser uma galdéria mas és asseada
És a menina dos meus olhos desesperados
És o corpo que anestesia a minha mente conturbada

És toda minha mas espero pelo teu acordar
E ao acordares te agarro agressivamente
Tinha esperança de não ter de te violar
Mas terei que o fazer evidentemente...

Envergas uma mini-saia
Facilitas tanto o meu desejo
És como todas as da tua laia
Ainda assim os teus lábios beijo

Acaricio a tua face de beleza colossal
Que como tal não há nenhuma
Cheio-te como um sedento animal
E dor no meu corpo não sinto nem uma

Remédio tomado e guardo-te num frasco
Escrevo no rótulo do frasco o nome Laura
Quando não me servires serei o teu carrasco
Mas até lá até sobre ti terás um aura

domingo, dezembro 19, 2010

Lua Cheia Invernal

Lua Cheia Invernal

Todas noitas ela sobe lá bem alto
Como sorrindo para todos nós
Brilhando e à sua contemplação não falto
Nem que esteja só eu a olhar para ela, a sós

Mas este mês ela se enche ao início do Inverno
Ela marca a escuridão e o frio embora nos ilumine
Um fenómeno de tal graça que quem me dera que fosse eterno
Mas o que é menos duradouro é o que é mais sublime

Lobos encantados pela sua beleza
A ela uivando cantarão
Pois ela os ilumina com uma tocha acesa
Que não os trairá na escuridão

Mas ela nos trairá um dia
A controladora das marés
Nos deixará sem alegria
Afastando-se de vez

E quando ela nos estiver a iluminar
No dia 21 de Dezembro que me deslumbra
Eu ficarei o tempo todo a a contemplar
Mesmo que todo o mundo já durma

terça-feira, dezembro 07, 2010

A luz que não quero seguir

A luz que não quero seguir

Fui atirado na desgraça
Matei-me várias vezes
Para tentar fugir
Mas atiraram-me outra vez
Anjos vinham
Anjos iam
Anjos voltavam
Anjos partiam de novo
Tentando fazer-me acreditar
Tentando fazer-me seguir a luz
Mas a luz ofusca-me
A luz queima-me a pele
E sobretudo queima-me a alma
Eu não quero ir para a luz
Eu quero ir para as trevas
O frio toma conta de mim
Onde outrora batia um coração
Agita-se agora uma rocha
A depressão tomou conta de mim
Como uma mãe toma conta de um filho
Eu posso fugir seguindo para a luz
Mas a luz é a ignorância
A ignorância a felicidade
A sabedoria a tristeza
A sabedoria a força
A força a tristeza
A tristeza o meu eterno escudo
As trevas a minha eterna espada
Eu não vou para a luz

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Lição

Lição

Carrega este indesejado tormento...
De tremenda e imparável dor!
Um castigo que não dura apenas um momento,
Que te rasga a carne para teu horror!

Aprende esta dolorosa lição!
Cresce com a mutilação!
Vê o pó que sai dos teus ossos!
Serrados até serem simples destroços!

E sofre!
Como nunca antes sofreste!
Regurgita!
Esse sangue para mostrar que perdeste!

Engole essa a dor!
Vê a tua carne a apodrecer!
Sente esse pútrido odor!
Sente-te a perecer!

E golpeio-te com toda a minha ira!
Um excelente exemplo de violência...
Ao som desta agressiva tocata de lira,
Que toca o hino da malevolência!

Por isso aprende!
Esta lição que só se retém com a dor...
E chora!
Essas lágrimas do teu temor!

SOFRE!
Como nunca antes sofreste...
Rende-te ao meu tormentório!
Isto é o ódio, não percebeste?

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Vampira

Ela aparecera, de repente, e beijara os meus lábios, com tal intensidade, que os perfurou com os seus dentes invulgarmente afiados. Sugara um pouco, ou pelo menos parecera um pouco, do meu sangue, mas serenamente, os seus lábios frios extinguiam a quase inexistente dor... a melhor coisa que alguma vez me acontecera, embora tenha sido tenebroso. E foi-se embora correndo, mas ainda assim consegui observar a sensualidade desumana do seu ser. Fiquei petrificado de espanto com o sucedido. Tal foi o espanto e a petrificação, que até hoje ainda aqui me encontro imóvel... desejando um pouco mais do seu veneno.

terça-feira, novembro 30, 2010

Indiferente

Indiferente

Descendo a rua velha, mais uma vez lá eu ia...
Fitou com ar moribundo, a minha face fria...
Como pedindo ajuda caiu, falecendo rudemente...
Um velho que subia a rua, vagarosamente...

Olhe para trás e continuei em frente!
Sou demente, sou demente...

Descendo a rua do desgosto, mais uma vez lá eu ia...
Fitou com pânico a minha face sempre... sempre fria!
Sangrando e chorando, espontâneamente abortara!...
Estava sozinha sem ajuda, mas eu lá me ralara!

Olhei para trás e continuei em frente!
Sou demente, sou demente!

Descendo a rua da mutilação, mais uma vez lá eu ia...
Fitou com pânico a minha face doentiamente fria!
A sua mão de criança numa porta, estava entalada! Haha!
Não tinha como a salvar, e como não me importo com nada...

Olhei para trás e continuei em frente!
Sou demente, sou indiferente...

segunda-feira, novembro 22, 2010

Fracos!

Se queres ser bem sucedido, bem, limita-te a esforçar-te para ser bonitinho sempre dentro da cerca e a viver em função do que aqueles que são mais "poderosos" que tu querem de ti. Isto se fores suficientemente estúpido, óbvio, LOL! LOL!

Assim caga nos teus valores! Caga nas tuas ideias! Caga naquilo que realmente queres fazer! Obedece cabrão de merda! Obedece e cala-te! Contínua com as tuas parvoíces que sabes que são demasiado fracas para serem notadas, mas que te faz subir no ranking de ser humano, os outros riem, o teu ego aumenta, mas o teu ego não vale nada! No entanto parabéns! Agora podes ridicularizar os que tão abaixo de ti no ranking humano!

Se ousares dizer ou fazer algo demasiado forte do que é permitido... recebe o castigo! Mas com relutância, uma relutância sem convicção, e depois lamenta-te... Mas lamenta-te por teres falhado com aquilo que querem de ti e porque estás de castigo... não por terem tido o poder de te castigar... És fraquinho, admite isso... Todos somos fraquinhos! És um fraco de merda! Não vales nada! E eu também não valho nada e sou um fraco de merda! Somos todos umas cambada de fracos de merda! Estúpidos ou não somos fracos. Comuns ou invulgares somos fracos... Mas há quem não seja... E por mais que os odiemos, protestemos, etc. Somos fracos!

terça-feira, novembro 16, 2010

Levado a....

Levado a...

E neste... neste amor desesperado
Deixando-me totalmente... totalmente devastado...
Ela jurou partir, partir numa só vez!
E partiu... partiu com o vento que se fez

E neste... E neste amor eterno!
Tornou-se no meu... no meu maior Inferno!
Ela partiu para longe... E jurou não voltar!
Mas voltou com um sorriso... Só para me atormentar!

E neste... neste amor... neste amor que flameja
Deitei-me em sofrimento, gritando: "Assim seja!"
Ela cantou-me ao ouvido! Enquanto eu dormia...
Mas foi-se embora... quando eu mais a queria!

E neste amor vital... Neste amor vital!
Acabou tudo... Acabou tudo tudo mal!
Ela agarrou-me a mão... prometendo não a largar
Mas desfez-se em pó, levando-me a... levando-me a...

sábado, novembro 13, 2010

Oh Banshee que me atormentas
Porque gritaste só uma vez?

segunda-feira, novembro 08, 2010

Vai...

Vai...

Fecha os olhos
Entrega-te ao fim
Ao deserto jardim
À escuridão que te quer

Isto é a morte a dizer-te
Chegou a hora não temas
Acabou-se o sofrimento e os dilemas
Podes descansar finalmente

Parte para o desconhecido
Para onde muitos foram
Deixando os seus queridos que os choram
Em luto e a caminho de partir também

Chegou a tua hora, vai...
Não sofras mais nunca mais
Não temas essa escuridão em que cais
Pior não há de ser do que viver

Aproveita o mais puro dos silêncios
A mais tranquila das calmas
Mergulha nesse caldeirão de almas
Vou ter contigo um dia

quinta-feira, novembro 04, 2010

Aversão de existir

Aversão de existir

E aumenta de volume o eco da depressão
E dói fortemente cada batimento do coração
Uma lágrima é derramada a cada verso
Tão intensamente como o fim do Universo

E sempre que se inspira para sobreviver
É questionado o porquê de o continuar a fazer
Porque simplesmente não se cessa o respirar
Para abandonar este Universo inútil como amar

E o astro gigante que me ilumina a cada dia
Há-de rebentar o sábio moderno assim dizia
E a confusão do nada durará para a eternidade
De que vale o esforço pela conquista de felicidade

E daqui uns minutos ou daqui uns dias indetermináveis
Enfrentarei tristes cenários de perca inevitáveis
Pessoas de minha estima que lutaram pela felicidade
Talvez a tenham encontrado ou ficado pela metade

Ou talvez parta primeiro, o tecto poderá colapsar
Ou iremos todos de uma vez, uma partida que o Universo tenha por executar
Sei que não acabo vivo, duvido que vá para mais algum lado
Onde estou gosto pouco do que vejo, o que quero aqui faz de mim odiado

A existência é simplesmente inútil
Viver ou não viver é fútil
Que há para lá de não existir?
Ninguém vai descobrir...

Viver tudo até ao fim, e até ao fim de tudo
Um desejo impossível, mas um desejo contudo
Pelo menos tenho comigo, esta pequena parte de Universo
Para contemplar e me inspirar, a escrever mais um verso

E com versos uma quadra:

"Sombra das árvores e fresco de Inverno!
Abstracção desde ignóbil Inferno...
Louco atraído pela beleza?
Derradeira e inquestionável certeza!"

Mas o que é a beleza?

terça-feira, novembro 02, 2010

Voa...

Voa...

Um pássaro fraco à chuva
Voa pássaro, voa!
Encaixa no céu como uma luva!

Parece temer voar!
Parece temer cair!
Parece temer falhar...

Bate cada asa!
Voa pássaro, voa!
Conquista os céus e arrasa!

Parece querer chorar!
Parece querer conseguir!
Parece querer lutar!

Parte com os teus e canta!
Voa pássaro, voa!
Foge da chuva que não é de todo manta!

Parece não conseguir
Parece não se superar
Parece não desistir

Espalha a felicidade de ser livre e selvagem!
Voa pássaro, voa!
Voa furiosamente com a aragem!

Vê as nuvens a abrir lentamente
A chuva cessando a sua graça
Voa agora em torno do raio de luz, voa!

Bates as asas com esperança
Voa pássaro, voa!
Na magnificência dos céus teu corpo lança!

Lançou-se no ar
Caiu e voltou a tentar...
Caiu e voltou a tentar...

Lançou-se no ar
Caiu e voltou a tentar...
Até conseguir voar!

E conseguiu!
Conseguiu o céu alcançar!
Conseguiu o céu cruzar!

Com toda a fúria do voar, voa!
Canta com a tua merecida felicidade
Voar deve ser uma sensação tão boa...

Voa pássaro, voa!
Como eu gostaria de voar como tu...
Voa pássaro, voa...

segunda-feira, novembro 01, 2010

O Atrevimento

O Atrevimento

Como te atreves a pisar
As folhas de carvalho
Nesta manhã bela e vulgar
Que condensa o ar em orvalho

Como te atreves a beber
Da nascente do rio
Nesta manhã a nascer
Onde reina o frio

Como te atreves a trepar
O mais alto penhasco
Neste manhã subliminar
Admitindo que tudo o resto é um asco

Como te atreves a contemplar
O passeio matinal de uma alcateia
Nesta manhã latindo no seu caminhar
Esperando pela noite de Lua Cheia

segunda-feira, outubro 25, 2010

Ladra de Dálias

Ladra de Dálias

Quero-te nua!
Num quarto na penumbra
Lembrando-te que a culpa é só tua
Acariciando o teu corpo que tão calorosamente me deslumbra

Com os teus belos pulsos amarrados ao tecto
Respirando um enjoativo mofo
Chicoteio-te com todo o carinho e afecto
Sorrindo para não mostrar esta cólera de que sofro

Não te quero fazer pouco mal
Quero escrever cortando-te
Nessas feridas deitando sal
Minha amada, eu amo-te...

Porque a culpa é tua!
Arrancaste uma de minhas dálias alegremente
Tua campa será a calçada da rua
Na qual eu cuspirei incessantemente

Sim eu sou egoísta!
Admito-o orgulhosamente
Sem moral eternamente niilista
Te mato minha ladra, cruelmente!

domingo, outubro 24, 2010

Between you and my eyes
Lies the void of love and hate
Where I hope your demise
And us together as my fate

segunda-feira, outubro 18, 2010

Valsa de Outono

Valsa de Outono

Folhas caiem rodopiando em pares
Até atingirem o chão num paço de dança
Voando para outros lugares
Em majestosa elegância

E as árvores misturam os seus tons de verde
Anunciado uma bela e delicada chegada
O Outono onde o calor se perde
Numa valsa magnificamente dançada

E os pássaros que com o seu cantar
Felizes cantando nos encantaram
Partem agora para fugir ao gelar
Prometendo em épocas vindouras dar-nos o prazer de dizer: "Voltaram!"

Lacrimejo agora sobre esta valsa que observo
Pois dela não faço parte
Escondendo esta cólera com que me enervo
Atrás do que penso ser arte

Afinal, de que vale ser o humano
E dizer que nasci livre
Quando um animal nem precisa de o dizer
Para predestinadamente o ser

terça-feira, outubro 05, 2010

Melancolia

Melancolia

A melancolia é uma molécula nociva
Constituída por desespero e por uma beleza depressiva
Vagueia no ar com os ventos nórdicos
Misturada em inaudíveis ecos melódicos

E alguns desfazendo-se em lágrimas a inspiram
E em vez de a expirar a suspiram
E esta anexa-se nas partes da mente
Onde se estimula a paixão como nenhum humano a sente

O seu efeito tem uma efémera evolução
Perdemo-nos na apatia e então caímos na depressão
E todo o humano que a respirou torna-se insono
Pois o lacrimejar torna turva a visão para os portais do sono

E enquanto o eco da melodia aumenta de volume
Na cabeça do melancólico, se resume
Um caminho para insanidade e a procura
De alguém não-existente que nos salve da loucura

Esse alguém não-existente não é mais do que uma necessidade
Que a melancolia nos trouxe como antídoto para a infelicidade
Mas esse antídoto não passa de um vulto negro num cenário cinzento
Desvanecendo como pó num vento outonal e lento

E enquanto vemos essa poeira partir
Caímos de joelhos no chão sem nada sentir
Deixamos de ter o que quer que seja dentro de nós
E falecemos sem cuspir uma sequer voz...

sexta-feira, outubro 01, 2010

O Incomum

Rodeado de uma miséria ilusória
Deglutindo em seco raiva à escória
Enquanto a minha alma sufoca porque quer fugir
Mas está presa a uma corda que trata de a impedir

Esqueço-me do brilho fútil que ficou onde tu passaste
Quando os meus dedos saltam de traste em traste
Assim esqueço neste raio de droga chamado solidão
Onde carrego a minha eternamente fiel Crucis e encontro satisfação

Não quero ser feliz
A felicidade é uma meretriz
Mais dispendiosa que a satisfação
E a tristeza serve-me de inspiração

E aqui estou eu a inspirar tristeza
Inspiro tristeza e expiro realeza
Pintando tudo de ouro
Excepto onde há ser humano seja negro seja louro

Só me interessa a minha Crucis de olhos escuros
Livre de futilidade e pensamentos impuros
Numa vestimenta que condiz com o seu olhar
A única pessoa quem quero acompanhar

E quem me a roubar
É quem vou eliminar
E quem me a destruir
É quem vai ver o seu mundo ruir

Mas eu não estou sozinho...
Nunca vou estar sozinho...
E a única coisa que me interessa perece
Fundido no conformismo onde me afogo

O verbo sofrer
É lento de dizer
Intenso de sentir
Isto é arder

terça-feira, setembro 21, 2010

Our homes burning down
The sky turning red
The fall of an utopic crown
Our fellows falling dead

Crucis

Crucis

Crucis feitiço de morte
Filha da cruz gótica
Poderosa e forte
Melódica e erótica

O seu compasso
É fruto do meu fétiche inconstante
Gritando da firmeza do aço
Brutal e sonoramente flamejante

Crucis meu amor meu sonho
Que dormes num caixão
Aquilo que sinto em ti componho
Como uma oração

És quem me tira esta corda
Que enrolo no meu pescoço
Abrindo-me caminho para uma horda
De onde maravilhas em conversas de anjos ouço

E no florescer de açucenas negras
Na acrópole de um jardim
Desces tu de uma cruz e me alegras
Prometendo caminhar a meu lado até ao fim...

segunda-feira, setembro 06, 2010

A Revolta da Natureza Parte 1: A queda do apogeu natural

A Revolta da Natureza Parte 1: A queda do apogeu natural

Oiço a melodia das folhas
Num moderado compasso musical
Em que o vento é maestro
Num belo cenário outonal

Oiço a vinda de uma alcateia
Que corre esfomeada latindo
Para ter forças para uivar à lua cheia
No dia em que o luar for mais lindo

Oiço a maquinaria derrubando árvores
Egoísta e execrável
Ignorando as consequências futuras
Só querendo saber do seu império impenetrável

Oiço descarregamentos de líquidos nocivos
Onde trutas graciosamente nadam
Onde outrora muitos foram beber
E cuja margem era onde casais apaixonados se encontravam

E oiço hoje os lobos de novo
Num latido agora de sofrimento
Correndo procurando o que não conseguem encontrar
Uma pequena porção de alimento...

E caminhando num cenário de desastre
Encontro cadáveres de animais que sucumbiram
Sucumbiram à fome e à sede
Devido à crueldade que os humanos no seu habitat impingiram

Momento de fraqueza 1

Momento de fraqueza 1

Passo a passo
Vejo mais perto ainda
Os barrotes de aço
Que constituem o portal que este mundo de sonho finda

Caminho sem vontade para o já conhecido
E por o conhecer tão bem
Quem me dera que já tivesse sido esquecido
Um vazio fútil com o qual pareço não conseguir passar sem

E com as portas abertas para felicidade
Questiono porque tal conquista
Remete àquilo que chamo futilidade
E mais uma vez olho para trás para afagar a vista

O cenário é tão melhor
Mas não passa de um sonho
E oiço gritos de almas perdidas no pior
A insanidade de nunca ter um dia realmente risonho

E não é divindade que me salvará
E sei que também não é o orgulho
Mas não passarei para o lado de lá
Onde vejo futilidade num enorme entulho

Vou manter-me aqui a gritar ódio, calado
A destruir o mundo, quieto e sentado
A obter satisfação
Do modo mais depravado, nos confins da imaginação

Só quero passear nestas trevas sem fim
Com algum apoio mental físico
Que molde da melhor maneira possível
Este vazio que preenche o meu peito

Um beco sem saída à minha frente
E uma utopia vazia atrás de mim
Haverá caminho para algum lado
Ou o único caminho é adiantar o fim
Fazer da próxima e último estação
2 metros abaixo do chão

segunda-feira, agosto 16, 2010

A flor cujas pétalas foram roubadas...

A flor cujas pétalas foram roubadas...

Bem-vinda minha flor
Sente-te livre para tirar
A tua roupa interior
Não te quero magoar
Podes-te sentir confortável
Só te quero desflorar
Tentarei ser amável
Pois é a isto que chamo amar

A brancura da tua pele
Deixa-me fora de mim
E os teus olhos cor de mel
Fazem-me assim
Assim pervertido
E tudo o que tens de fazer é obedecer
Ao obedeceres erá mais divertido

Sinto o teu corpo a tremer
Nesta negra brincadeira
Não há nada a temer
Porque insistes dessa maneira
Ser relutante perante o prazer

Começo a entrar dentro de ti lentamente
Neste joguinho de amor sombrio
Amando-te depois vigorosamente
Neste acto malicioso e frio...

Podes deixar de tremer
Pois já terminei
Nunca mais te poderei ver
Mas portaste-te bem
Desculpa não te poder acarinhar
Mas tenho de fugir, de me despachar...

E ao sair pela porta
Ouvi os teus choros de paixão
Mas para mim estás morta
Acabou-se a diversão...

The Darkened Knight

The Darkened Knight

It's failing my memory
Of the epic story
Where the protagonist is a darkened knight
That rose from the ground
And 'till his end shall fight
At his horse galloping sound

I saw him killing and run
At the moonlight and below the sun
Galloping to the east
Seeking for the beast

And he camped on a cave
Thinking about the people he have to save
At sunrise sword on his hand
Galloping through the arid land

After a long journey he found the beast
Duelled it with sword and fist
Killed it without caring about the corpse he left behind
That one day someone shall find...

sexta-feira, agosto 13, 2010

O Vaso de todo o Mal

O Vaso de Todo Mal


I O concílio dos hereges

6 meses antes do início desta história
Uma filha de evangélicos
Foi escolhida ao acaso
Para fecundar o sémen da besta
E dar às trevas o seu filho
Cuja criança o corpo ele irá tomar

E 6 meses passaram
E 2 soldados das trevas
Pela casa da jovem irromperam
Assassinando os seus pais
Para usar o sangue de ambos
No desenho do pentagrama

Pentagrama do qual será invocada a besta
Para que assista ao parto da jovem
E analise se a criança é de seu agrado
E se a rapariga pela qual se movem
Se mantém imaculada
Ou será cruelmente assassinada

E levam-na pelos braços
Enquanto ela grita tipicamente
Calando-a com as mãos
Fazendo-a agitar agressivamente
Mas é inútil
Lutar contra dois demónios...

Chegam então a uma mansão
E deixam-na num corredor
Por este altura rebentam-lhe as águas
E começa aí a dor
Aparecem 6 servos de Satanás
Despindo-a e torturando-a

II O Ritual de iniciação

E por entre as tochas
Cujo fogo era magicamente incessante
Lá ia então a jovem
Nua e caminhando relutante
Enquanto era torturada
À semelhança de Cristo

E os adoradores de Lúcifer
Na jovem desgraçada
Batiam-lhe com varas espinhosas na costas
Para verificar se ela se mantém imaculada
Dando ao seu amo
Um cálice do seu sangue

Os cânticos começam então
E escurecem os olhos da virgem
Começa o mantra satânico
E na jovem a última varada impingem
Colocando o seu sangue num cálice
E o cálice no lado esquerdo do trono do demónio

Então a virgem deita-se
Numa cama de madeira preta
E Satanás é invocado
Ao som de uma corneta
Surgindo então, num pentagrama de sangue
Sangue dos pais da jovem

Por fim o demónio eleva-se ao seu trono
Tomando vários goles do seu cálice
E no gole nono
Exclama batendo com as suas palmas
Que a jovem continua imaculada
E que comece o jogo para seleccionar o parteiro

III O Jogo

Sexta-feira dia 13
Seis pessoas numa cave
Seis facas e uma chave
Uma porta para a salvação
Só um deve sobreviver
E colocado para o trabalho de parto ser

E é neste momento de medo
Que o ser humano não olha meios
Porque ninguém quer morrer tão cedo
E a sociopatia toma conta de todos
E a raiva de querer sobreviver
Fá-los esquecer tudo

E estes seleccionados
Não o foram ao acaso
Foi por serem bastante devotados
Na sua função
Todos eles são padres e freiras
Mas todos querem sobreviver

E no que toca a sobrevivência
Não existe religião
Por maior que seja a demência
Ninguém quer viver a 2 metros debaixo do chão
E cada um pega na sua faca...
E começa a emoção

E gritos de dor
Misturam-se com gritos de raiva
E quem por Deus teve tanto amor
Esqueceu a sua existência
Para que servem as páginas da bíblia então?
Para substituir o papel higiénico...

Por fim um único sobrevivente
Uma freira
Pegou na chave
E chorou de tal maneira
Que lavou o sangue da maçaneta da porta
Foi salva, e colocada como parteira


Continua...

terça-feira, agosto 10, 2010

Cantos de Ódio

Cantos de Ódio

Contorce-se o meu corpo
Com a ira gerada do tédio
E um grito que ecoa
No vazio do cérebro de insípidos
Espalhando mensagens de raiva e ódio
Ridicularizadas e ignoradas

E enquanto o bater do meu coração
Compõe uma música violenta
A suavidade da tua voz feminina
Tenta moldar essa música
Adicionando-lhe uma melodia harmoniosa
A qual eu destruo e calo
Com um barrote de ferro
Entretendo-me a magoar corpos humanos

No compor de uma obra épica de gritos de dor
Oiço engrenagens de maquinaria
Que despertou o meu interesse
E decidi acabar a minha obra em grande
Colocando um corpo de cada vez
Num dobrador de metal
Enquanto me ria cruelmente do esgar das pessoas

Assim pus fim à minha magnífica obra
Gravada com um microfone barato
E enfiei-me numa caixa de madeira
A escutar a minha adorável composição
Tentando lembrar-me das caras e do esgar de cada um

Mas a insatisfação ainda corria dentro de mim
Fui buscar a mulher da minha vida
Que me recusou rudemente
Inconsciente da minha perfeição
Amarrei-a a uma árvore
E açoitei-a lentamente
Fiz-lhe um corte grave
E fiquei a olhar para os seus belos olhos
Da cor do céu
Enquanto ela se esvaia em sangue
E suplicava por ajuda

Depois de levar o cadáver para os meus aposentos
Explorar o corpo para necrofilia
Separar os seus órgãos por divertimento
Voltei agora satisfeito, para o meu solipsismo

terça-feira, agosto 03, 2010

Euforia de Misantropia

Euforia de Misantropia

Lágrimas de álcool doce
Constituem o rio do meu Reino
Um Reino onde eu próprio me perdi
Um Reino demasiado perfeito
Demasiado perfeito para um criatura reles
Um criatura reles como o humano!

Assassinos! Insípidos! Avarentos!
E pepitas de ouro
Em montanhas de carvão
Que me fogem
Misturando-se com a poeira da correria
Da correria de cavalos domésticos

E tentam constantemente poluir o rio de lágrimas de álcool doce
A que na verdade chamam linha de pensamento
Mas sou demasiado perfeito
Demasiado perfeito para corresponder com o típico padrão humano
E as lágrimas de álcool doce essas
São as filosofias utópicas incompreendidas

E sim, o meu rio são só lágrimas de álcool
Para que quero saber da realidade?
Mergulho cada vez mais fundo no meu rio
Para esquecer o distúrbio que paira à minha volta
Prefiro viver de irrealidades mentais e precárias
Do que ajustar-me a uma sociedade em que não encaixo

E tentando afogar-me no rio
Entrei num sonho
Ouvi a voz do proclamado omnipotente
Que me ofereceu a ascensão ao seu Reino
Lançando-me uma corda
E eu puxei-a

Puxei a corda que não passava disso
Pura e simplesmente uma corda
E ao acordar desse sonho
Acordei com uma corda na mão
Com o tamanho ideal para um enforcamento
Pensei para comigo: "Quem me dera enforcar a humanidade inteira..."

Então enforquei-me eu...
Se eles não saíram do meu caminho
Encontrarei um novo caminho noutro lado

E então o mundo que imaginei tornou-se real
Um mundo onde torturo um de cada vez
Todos os seres humanos que habitam a Terra
E outrora a habitaram
Deixando claro, as pepitas de ouro livres
E deitando brasa no carvão

Posso dizer que consegui...
Sou o único
O único que pôs a misantropia em prática

quarta-feira, julho 28, 2010

Pesadelo Contínuo

Pesadelo Contínuo

Explosão de violência entre ramos de árvores
Sob acordes melancólicos
Ecoados num cenário mórbido
Fruto de uma mente adormecida

Um cenário onde estás tu, descalça
Com a cabeça inclinada, chorando,
Sobre um lago de lágrimas
Com justificações que o vento roubou

Outrora tentei seguir o vento
Orientando-me pelo seu típico uivar de inverno
Procurando as razões do chorar dela
E assim que alcancei as inúmeras razões
Fui atingido por uma doce rajada soporífera

Nos sonhos do sono do meu pesadelo
Encontrei uma explosão de violência entre ramos de árvores
E escutei uma melodia melancólica tocada numa guitarra dedilhada
Que ecoava na vastidão de um cenário mórbido
Onde encontrei uma jovem descalça
A chorar sobre um lago de lágrimas
Cuja razão para elas terem caído
O vento roubou

Perguntei à jovem porque chorava
Arranhou-me a cara deixando-me 3 cortes profundo
Abrindo a sua boca com lábios cinzentos
Exibindo todos os seus dentes afiado
Apontando-me os seus olhos completamente negros
E disse-me em voz gutural:
"A razão porque choro
Meu jovem insípido
É para atrair mais idiotas sentimentalistas como tu."

E ao acordar, sufocando de medo
Notei que ainda dormia
E o cenário mórbido ainda lá estava
Na dimensão do sono
E voltei a tentar encontrar as razões
Para a queda das lágrimas da jovem
No uivar de inverno do vento
E quando as encontrei
Fui atingido por uma doce rajada soporífera
E o inquestionável passou-se vez após vez...

sábado, julho 17, 2010

Rosa Negra

Rosa Negra

Sorris sob chuva fúnebre
No funeral do meu vergonhoso passado
Encantando-me com a dança das tuas pétalas
Tão mórbidas
Onde encontro a definição de beleza

Pertencias à flora do éter
Mas caíste na cabeça de uma jovem noctívaga
Com cabelos convidativos à carícia
Escondendo a sua pálida cara
Embora seja insanavelmente bonita

Duvido que essa jovem seja humanamente concebível
Há algo malicioso na expressão facial dela
Malicioso embora gracioso
Uma origem demoníaca, talvez...
Curiosamente inesquecível...

E essa curiosidade tomou conta de mim...
Como o sal toma conta da água do oceano...
E essa curiosidade faz-me gritar.
Em noites de frustração
Em que as nuvens tomaram conta do céu:

"Rosa Negra!
Portadora de culto...
Não te consigo ver hoje!
Nesta noite nublada...
Escondes-te na máscara
Que a ausência de luz te ofereceu..."

Assim eu perdi...

Perdi a maravilhosa dança das pétalas negras
Na ténue aragem oceânica
Perdi a fragrância das profundezas das trevas
Que contigo trazes sem seres artificialmente perfumada
Perdi a aconchegante visão da face da jovem que cobres
Deveras a mais bela peça de porcelana que já vi
Metaforicamente de porcelana, é claro...

E em noites passadas em branco, perdidas no pensamento, concluí:

Assim como as plantas vulgares se alimentam de dióxido de carbono
Transformando este em oxigénio
Tu alimentas-te da alma humana, seduzindo-a com os teus encantos
E devolves esta ao seu portador, com uma maldição anexada...
A maldição de não te conseguir esquecer
Nunca...

E a Lua nunca mais tomou conta do céu...
E a mistura da cor tuas pétalas com a escuridão
Tornaram-te invisível...
Eternamente...

quarta-feira, julho 14, 2010

"I condemn christianity. I bring against the Christian Church the most terrible of all the accusations that an accuser has ever had in his mouth. It is, to me, the greatest of all imaginable corruptions; it seeks to work the ultimate corruption, the worst possible corruption. The Christian church has left nothing untouched by its depravity, it has turned every value into worthlessness, and every truth into a lie, and every integrity into baseness of soul. Let any one dare to speak to me of its "humanitarian" blessings" - Friedrich Wilhelm Nietzsche

sábado, julho 10, 2010

Morrer antes de nascer...

Envergo os quentes e aconchegantes intestinos de uma jovem outrora grávida, não a tivesse eu feito abortar violentamente. Agora rio-me e unto-me com a placenta do seu feto de 8 meses, tomando o seu débil e morto corpo como minha refeição nocturna, dando metade do que sobrou aos meus cães voluntariamente enfurecidos, e colocando a outra metade no coração dos meus aposentos, para admirar a cada dia que passa o apodrecimento do morto e dissipado feto e inalar o odor pútrido da matéria que o constitui enquanto uso o cadáver da sua mãe para efeitos necrófilos... tão negra é a essência da minha maldade.

A Elfa

A Elfa

Envergas essas vestes delicadas
Que exibem sensualmente a tua pele
Tão reluzente e imaculada
Tão convidativa ao meu olhar

Numa das inúmeras vezes que olho para ti
Os teus olhos cruzam-se com os meus
Fazendo-me absorver, jardas descomunais de desejo
E fico a pensar, será isto um jogo de atracção para uma armadilha?

Pois sei que és travessa
Que és a Rainha da Floresta
Danças e saltas por entre ramos
Trazes contigo esse cheiro da resina das árvores
E essa melodia folclórica tocada em flauta

Nos confins negros da minha mente
Desenho-me a mim e a ti
Deitados sobre uma cama de folhas de eucalipto
Entregues às maravilhas da fornicação...

"Para onde vais elfa?"
Perguntei-me enquanto imprudentemente te seguia
Atraído pelo teu encanto
Mas em posição de predador

Olhas para trás como quem teme
Com uma face assustada e inocente
Embora com olhos sedutores
Serei o predador ou a presa?

E agarro-te onde ninguém nos pode alcançar
Com o seu fútil olhar
Como um cobarde violador
Embora nunca o tenha sido

Mas entregas-te a mim
Deixando-me te tocar nas partes íntimas do teu corpo
E fico rendido à voluptuosidade proporcional da tua graça
E desfaleço como se envenenado tivesse sido...


Acordo 12 horas depois... falta-me um rim...

terça-feira, julho 06, 2010

Ar...

Ar

A inalação é contínua
É um aroma, um sabor....
Que faz com que a sensação de satisfação
Não passe de mera ilusão

Ah! Delicioso ar!
A razão do meu respirar
Quer esteja envenenado, quer não
Não interessa... Consigo suportar...

As narinas doem-me
Mas não quero saber...
Vou corta-las!
E mandar toda a cartilagem que compõe o meu nariz, fora!

Ajoelho-me violentamente
Fechando os meus punhos com fúria
Inspiro com todas as minhas forças
Até sangrar das minhas órbitas nasais

A fome é tão grande...
E dolorosamente insaciável
Mas continuo a oferecer à hemoglobina do meu sangue
Este exótico fruto inacreditável

Este é aquele tipo de paixão
Em que o que desejo
Entrega-se a mim
Sem retaliar

É uma paixão tão forte
Que aniquilarei este mundo
Porque também te deseja e de ti depende
E eu sou um egoísta, um egoísta apaixonado... esfomeado...

Roubarei a tua preciosa disposição de toda a gente
Ninguém te dá tanto valor quanto eu
E assim sendo
Mais ninguém te merece...

Seria capaz de procurar
Neste vasto universo
Num épico momento de adrenalina
A tua fonte, a tua mãe...
E a contemplaria por tão gloriosa criação

E iria escarrar nela...
O mais nojento muco que conseguisse acumular
E iria chorar, e afoga-la nas minhas lágrimas de água oxigenada
Iria insulta-la tão rudemente!
Porque criou algo tão insuportavelmente delicioso....
Da qual sou dependente, mas não quero mais ser...
E afogar-me-ei eu também...
Para quebrar esta aparentemente eterna aliança que nos une...

Cheguei a uma conclusão...
Não suporto o que mais desejo...

quinta-feira, julho 01, 2010

Congratularei com ânimo os responsáveis pela putrefacção do conceito de todas as divindades ou elementos de apoio psicológico imaginários pertencentes aos mais ridículos e antiquados sistemas de crença à séculos corruptos e falsos embora raramente questionados e aceites como verdadeiros devido a doutrinação violenta, com uso de terror, lavagem cerebral, etc.

quarta-feira, junho 30, 2010

Manjar de térmitas

Manjar de Térmitas

Cala-te!
Sufoca...
E arde...
Vê como a tua própria carne facilmente se putrefaz...

Agora vocifera essa emoção que é arder
Sente cada parte do teu corpo lentamente a derreter
Inala esse fumo da chama flamejante
Que se adiciona à dor do teu carbonizar

Sente o teu corpo cair
Nas tuas próprias cinzas
E dá graças à invulgaridade do teu ser
Que arde sem desfalecer sem cessar de viver

Tremes incontrolavelmente, mas de todo não tens frio
Mantens esses olhos de pânico estupidamente abertos
Sim! Estupidamente!
Não vês que o fogo ainda arde idiota?

E queimam-se os teus olhos
E as tuas órbitas oculares ficam vazias
A chama espalha-se para o teu interior
Queimando tudo o que o compõe

Agora que o teu coração está reduzido a cinzas
Congratulo-te por seres um cadáver
Mas ninguém sabe quem és
Ninguém sabe onde estás?

E agora?

Magicamente a chama apaga-se
Precisamente antes dos teus restos mortais
Carbonizarem-se por completo
Mas estes tornam-se agora... um manjar de térmitas...

domingo, junho 27, 2010

Depressivo-Maníaco

Depressivo-Maníaco

Quero ver-te de novo
Abraçar-te e admirar a tua graciosidade
Sem palavras
Não há necessidade

Quero-te ver deitada nos meus braços
E acariciar as extremidades do teu sorriso
Enquanto te aninhas contra o meu peito
Dando a entender que te sentes protegida

Quero sorrir na graça do teu dormir
E como poderia dormir também
Tendo o conceito de beleza
Na futilidade do meu lado

Se me amasses
Eu morreria de felicidade
Pois o meu coração débil
Sucumbiria perante alegria de possuir o teu amor

Enquanto digo estas palavras
Tenho o típico aspecto de depressivo-maníaco
Vestido de robe
Com a barba por fazer
Com um banho por tomar
Com um emprego por procurar...

Por favor... salva-me da loucura...

sábado, junho 26, 2010

Necromancia Romântica

Necromancia Romântica

Numa necromancia
Encontrei a minha paixão
E a chorar da ânsia, de não te ver
Não entendia a razão

Porque amo algo fisicamente inexistente?
Sinto-me idiota
Sinto-me doente
Para mim a realidade tornou-se uma dimensão morta

Oiço a sua voz
Inaudível aos outros
Isto é o mundo de nós
De mais ninguém

Tornei-me num viciado necromante
Para a ouvir
Aquela voz apaixonante
Delicada e doce

É como se o sabor do mel
Fosse de apreciação auditiva
Não quero mais nada...
Tudo o resto é estrume à deriva

"Leva-me contigo!" - pedi-lhe eu
Ela hesitou
"A dimensão a que chamam realidade já não é um mundo meu" - insisti
E ela me levou

Agora eu sou dela
E ela é minha
Eu sou o seu escravo
E ela a minha Rainha....

Isto não é o nosso mundo...
Fui seduzido para o Inferno...

sexta-feira, junho 25, 2010

Hipoteticamente Impossível

Hipoteticamente Impossível

E fico a pensar
Porque és como as ondas do mar?
Porque não vens para ficar?

Isto é sentir que te tenho
Sem te ter
Vejo-te voltar mas voltas a desaparecer

E fico a pensar
Quem me dera que fosses uma doença terminal
E ficasses comigo até ao meu findar...

Irrealidade Nocturna

Irrealidade Nocturna

Nos meus sonhos
A minha alma e a tua
Abraçam-se numa dança rodopiante
Atravessando a luz da lua
Para que o mundo inteiro possa contemplar
O que sentimos um pelo o outro

Nesse abraço
E como num ágil movimento de tango
Coloco a palma da minha mão direita nas tuas costas
E com teu corpo dobrando
Cubro os teus lábios com os meus
E paro o nosso tempo

Assim morreremos nós os dois
Num beijo sentido e interminável...

quinta-feira, junho 24, 2010

Um cenário de angústia...

Um cenário de angústia...

Na criança de um novo dia
Nasce uma desculpa para a crueldade
A corrupção da graciosidade
Que é a paixão de duas almas

Duas almas dançantes
Na divindade do anoitecer
Mas fisicamente imóveis
Devido à injustiça que é viver

Assim dá claramente para perceber
Que o amor é como as noites de lua cheia
De uma beleza difícil de entender
E que demora tanto tempo a alcançar

Na sua mente ele é veloz
Um cavalo lusitano
Ele quer que ela oiça a sua voz
Adornada de palavras de afecto

Não fossem as suas pernas imóveis
Assim como as dela...
E não estivessem ambos caídos
Sob uma noite tão bela

Mas a beleza da noite
É inversamente proporcional
À sorte que os dois tiveram
Ainda que directamente proporcional
Às palavras que ambos disseram

Os olhos dele nos olhos dela
E os olhos dela nos olhos dele
Ele desespera por ela
Ela chora por ele

Ambos se esforçam para se alcançar
Mas estão presos ao chão
O seu poder de amar
Vale fisicamente nada

Deve sofrer o cruel culpado
De tal acto de malevolência
A mente psicopata
Perdida na demência...

Enfim...
Num cenário de desespero
Tudo acabou...

Jaz agora debaixo da lua cheia
Os corpos ensanguentados
Das duas almas que lutaram por amor
Dos dois seres apaixonados...
Que só conheceram dor

Insónia

Insónia

Aos portais do sono
Dá-se o meu acordar
Aos portais do despertar
Já acordado me encontro
Tudo pelos elementos
Que progressivamente estão a preencher
Todo o refúgio da minha mente
Como pó que depois de limpo volta a aparecer

O descanso é-me desconhecido
Que faz de mim mais que um morcego, um insone
A quem o caminho para o sono
Jamais será desobstruído
E as partículas desnecessárias
Que constituem o pensar
Deixaram de ser uma virtude ao me atormentar

Eu só quero esquecer...
Só quero dormir...

sexta-feira, junho 18, 2010

Livre e imortal!

Livre e imortal!

E agora é o fim
É a queda das grades
É a liberdade
É a imortalidade

E encontro-me no florescer duma nova era
Libertar-se-á a minha fera
A minha fera interior
Que foge agora das asas do condor!

Acabou-se a escravatura mental
Abandonei o ergástulo
E metade do meu pessimismo filosofal
Sou imortal!

Possuo a esperança de esquecer
Um passado de tormentório
Possuo a esperança de ter
Um tão merecido tempo

Tempo para ser
Tempo para fazer
Tempo para pensar
Tempo para gastar!

Estou livre do pensamento inútil
Do antro de miséria
Dos olhares de gente fútil
E Da minha face severamente preocupada e séria

O meu tempo é agora infinito
Sou completamente imortal
E as palavras deixaram de ser de sofrimento
Mas de egoísmo e de mal!

Tal a natureza do ser humano
A minha natureza!
Tão odiável
Mas tão inegável

Sou livre como um lobo
Imortal como só eu posso ser...
Como um demónio...


-


Aproveito para dizer... R.I.P. - José Saramago...

quarta-feira, junho 16, 2010

Domínio

Domínio

Originado dos dominadores...
Copiado de semelhantes
Mas jamais questionado!
E facilmente doutrinado...

Imposto a partir do medo
Dando a origem a uma enorme contradição
A malevolência oculta em palavras de bondade
Pois a igreja tem razão, a igreja tem sempre razão...

Oh Santa Inquisição!
Organização dos bondosos!
Queimai todos os blasfemos!
Agentes de Satanás maldosos!

Deitai fogo no que não interessa...
Deitai fogo na verdade!
Para que ninguém a conheça
E conheça apenas a vossa bondade...

Vós os ateus!
Irão arder no inferno!
Sufocar no inferno!
Porque Deus vos odeia!

Deus odeia a sua própria criação!
Excepto se o amarem... a esse ser egocêntrico...
Deus quer o vosso dinheiro!
Invistam na Igreja, Deus sabe lidar com tudo menos com dinheiro!

Agora pergunto...
Ainda estou a tempo de ser salvo?
Quando me tornar defunto
Deixas-me entrar no teu Reino?

"Raios, não!
Criei-te como agente de Satanás!
Não venhas chorar na minha mão!
Serás torturado, sufocarás e arderás!"

Deus não quer saber dos bondosos...
Deus quer saber dos que o aceitam como Pai
Mas nunca nos pediu tal pessoalmente
Foram os Romanos que o criaram...

Esta é a verdade
Cabrões dos Romanos!
Por mais controlo que tivessem sobre a sua cidade...
Desculpem... estava distraído... IMPÉRIO!

Tinham fome por mais e mais!
Quantos foram mortos por ter razão?
E os que não tinham mas o foram por diversão?
Opá é verdade... o paneleiro do Estaline e do Hitler...

Mas foram eles!
Não fomos nós!
E acreditam numa coisa que foi doutrinada
Com recurso à violência?

O Estaline e o Hitler foram só cães de poder
Afinal que diferença têm eles dos vossos antepassados?
Os vossos antepassados também não acreditavam em nada...
Só no poder... na merda do poder!

Mas agora eu sento-me...
Calado...
Estou zangado...
Corrijo... furioso!

Eu quero que fiques furioso também!
Tu também podes ter razão
Usa a tua cabeça se tens uma...
Nunca digas sim nem não, antes de teres devido fundamento...

O domínio e o poder
É algo que esses homens atrás das cortinas
Irão sempre defender
E tu não te aperceberás

Eles vão querer tirar toda a parte da tua liberdade
E tu não vais protestar
Tu vais suplicar para que eles o façam
Mas não o poderias imaginar

Podes agora mas nem sabes metade da história
Os terroristas não são os pobres que vivem na podridão
Se bem sabes, se bem tens na memória
Como pode um homem pobre arranjar armas?

Os terroristas são quem tu pensas em quem podes confiar
A autoridade...
Apenas mais uma instituição
Para te ocultar a verdade...

O importante é não acreditar em nada sem fundamento
O importante é acreditar que tu existes
Que tu também podes ter razão
E que o importante é amar...

Esquece a ideia do homem de barbas no céu
Esquece a ideia de que a autoridade é em quem podes confiar
Confia no teu próprio poder
Tu também tens poder fodasse!

"Quando o poder de amar for mais forte que o amor pelo poder, a humanidade conhecerá paz" - Bill Hicks

sexta-feira, junho 11, 2010

Todos os caminhos vão dar à morte...

A cada passo que dás podes cair para 2 metros abaixo de terra. Mas o simples facto de estares quieto leva-te ao mesmo caminho. De qualquer das maneiras, por mais cauteloso/a que sejas não podes fugir àquilo a que estás condenando um dia, qualquer via por onde caminhes, não interessa onde vai dar, até pode dar a lado nenhum, e mesmo dando a lado nenhum, não te deixa de levar a um sítio, à proximidade da morte, e a verdade é que todos estamos igualmente expostos a morrer neste preciso momento.

Que se dane a sociedade...

“Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente.” - Jiddu Krishnamurti

terça-feira, junho 08, 2010

O Fim de Tudo...

O Fim de Tudo...

Divagando na minha própria depressão
A um canto, ignoras a minha existência
E mesmo sem saberes
Marcas-me com o teu poderoso encanto

Sou eu que todos os dias
Contemplo tristemente o teu olhar
E a constituição subliminar da tua elegância
Que me faz chorar quase em vão, recordando-me da minha infância

Na minha obscura mente
Crio negros e perversos planos
De me ocultar no teu andar
Para te apanhar e obrigar-te, a amares-me eternamente

Não me contenho mais
Morro da febre da tua perfeição
Tu és um anjo e eu um demónio
Cairás na minha maldição

O céu está cinzento
E o meu coração também
Levar-te-ei para o holocausto dos meus desejos
Serás minha e mais ninguém

Mas tu não me dás prazer
Só aumentas a intensidade desta dor
Uma e outra vez
Sem ti quero estar sozinho, neste mundo sem cor

Quero mais que o teu corpo
Quero a tua alma
Quero os teus sentimentos
Quero as tuas emoções

Furto o teu beijo
Visto que cheguei até aqui
Para ter recordações doces
Da tua existência

Como te amo
Deixo-te ir...
Deixo-te livre...
Sem te ferir

Só espero algum dia te encontrar
Nem que não seja neste lugar
Que tão bem conheces
Mas tão melhor mereces

E agora sentado
Com um cotovelo no joelho
E a minha mão na minha face
Com a mão oposta coberta em sangue.

Sangue que corre do meu pulso
Com o qual escrevi que te amo na parede, lamentando-me...
E deixo-me esvair até morrer
Adeus...

segunda-feira, maio 31, 2010

Vida após funeral...

Vida após funeral...

No denso nevoeiro
Deambulam aqueles
Que outrora foram homens
Mas hoje, cadáveres ambulantes

E eu perdido ali no meio
Desorientado pelo cheiro que exalavam
Com o suor a escorrer na minha face
E a confundir-se com as minhas lágrimas de pânico

Agachei-me e gritei por ajuda alheia
Mas sentia os passos das criaturas
De face deformada e feia
Aproximarem-se sedentas de carne humana

Desesperadamente corri por entre eles
Que por serem impavidamente vagarosos
Não me alcançaram
Vociferando em voz grave, gritos tenebrosos

O nevoeiro tornava-se cada vez mais denso
À medida que eu avançava
Foi então que caí numa poça de lama
E concluí que tudo funestamente terminava

Um punho entrou-me pelas costas
Agarrando o meu coração
O sangue escorria-me pela boca
Naquela hora de aflição

Não sei como vi
O meu coração, que ainda batia
Nas mãos daquele infame...
Só sei que hoje... sou um deles...

sexta-feira, maio 21, 2010

Sórdido Sol

Tem estado Sol a mais para o meu gosto...

-

Sórdido Sol

Amaldiçoai o Sol
Astro ignóbil
Danado sejas
E condenado a gelar

Incendiário apático
Imóvel demoníaco
Danado sejas
Malevolente enfático

A tua redenção
É escureceres até ao tutano
Deixares-te substituir pela Lua
Uma Lua eternamente cheia

Eternamente cheia
Dando brilho a uma noite eterna
De uma beleza visível
E não sordidamente ofuscante


Rende-te perante a minha fúria
Contra a tua existência
Que sendo ela maior, que a minha misantropia
Te empregará brutal penitência

Degradais o alimento
Secais os rios
Adiantais a nossa fome
Assim como a nossa sede

Queimas o corpo do meu ser
Mas eu sou composto de corpo e alma
E se pensas que ambos podes aniquilar
Provai o sabor da minha calma...

Pois o sabor da minha angústia...
Faria perecer incontáveis de ti...

sábado, maio 08, 2010

A Gritaria

O eco do que sinto finalmente transformou-se em gritos... mas deixo uma promessa, o eco é interminável...
http://www.newgrounds.com/audio/listen/330396

A Gritaria

Ecoa, angustiado grito
Quem ousaria chamar-te mito
Destrói quem te tentar arruinar
Sem dó, sem piedade, sem calar

Explode todas as frustrações
Para fora de ti
Conta as tuas histórias de terror
Não fiques a implodir aqui

Mostra o teu ódio pela luz
Por Deus e por Jesus
Tu és Satanás
Único e sagaz

Grita!
Faz com que o teu eco seja interminável
E cita!
Tudo o que é abominável

Mostra o ódio!
O desespero!
O Pódio!
Da dor!
Da frustração!
Do amor!
Que por mais certamente negado!
Mas não absolutamente!
Dificilmente será esquecido!

domingo, maio 02, 2010

Condensação de Malevolência

Cozinho a alma do teu ser, a meu belo-prazer
Certificando-me que, toda a parte da tua benevolência
É queimada e destruída, tal é a imaginação da minha demência

Acordo a malevolência que há em ti, criando uma máquina de dor
Impingindo todo o meu ódio na humanidade
Mas que não tenho força para libertar

Deglutindo a tua alma
Junta-se a tua ira à minha
E a minha mente calma, pensa agora em morbidez e derramamento...

Tudo deve perecer, até não sobrar nada
Só eu e tu
E mais ninguém

Todos devem sofrer, até implorarem por misericórdia
Excepto eu e tu
Meu bem...

A desgraça iminente
Vos acordará todas as manhãs
A dor, a miséria e o desespero, em vós será bem assente

Quem viveu uma vida de sofrimento, vai desejar voltar a essas épocas
Pois a minha ira é tão forte
Que todo o sofrimento jamais conhecido, não passam de carícias ao ego humano

Os justos irão me desejar tanto mal
Que serão danados
Pelo seu Senhor (Que os ama)

Provai o sabor das minhas tormentas
O meu poder acordou
Eu sou o único demónio que se pode considerar verdadeiro

Todos devem perceber, que eu sou o único inimigo
Aliás, eu e ela
A alma de qual tomei posse

Todos devem entender, que não existe saída deste jogo
Qualquer estrada onde caminhem
É uma via para lado nenhum

Eu sou o vosso único inimigo
Amai-me! Pois vosso Senhor o disse
Amai o vosso inimigo...

sexta-feira, abril 23, 2010

O olhar de ti...

O olhar de ti...

Morto e desaparecido
Como um pôr do Sol
Faria tudo, se tempo tivesse tido
Para cair no olhar de ti

No olhar de ti
E no de mais ninguém
Contempla o mundo com o teu olhar
Vê as infames criaturas, como tu não há ninguém...

Mas o olhar de ti é tão perfeito
Brilhante e ofuscante
Por isso encosta a tua face ao meu peito
Para sentir que estás comigo

Mostra-me o sorriso de ti
Tão belo que devia ser pecado
Tão suavemente aliciante ao olhar, o sorriso de ti
Como se estivesse a sentir a carícia dos teus dedos nas minhas pálpebras

Faz soar a tua voz única
Tão docemente persuasiva
Tão cativante
Parece ondas de matéria corrosiva
(Demasiado perfeita para ser ouvida)

Os teus cabelos e os teus olhos
Conjugam como as estrelas e a lua
Se alguma alma quisesse ao meu lado
Seria para toda a eternidade a tua

Quem me dera olhar-te uma vez mais
Mas estou morto e desaparecido
Como um pôr do Sol
Se é que tenho valor para ser comparado com tal...

Tornas tão difícil o respirar...

segunda-feira, abril 19, 2010

Inferno Romântico Eterno

Tu és a água
A sacia dos cães
És a minha profunda mágoa

Tu és o feitiço da lua
O meu oculto desejo
Que tento abandonar na rua

Tu és a subtileza invulgar
Que proíbe o oblívio
Mesmo após me suicidar

Minha alma... deambulante e sofredora
Caída nos pensamentos obsoletos
De ninguém...

Apático Sofrimento

Paradoxalmente ignorando
Omitindo, a verdade
Ocultando o sentimento
Jorrando sangue, de ansiedade...

Não há prazo
Mas uma espera relativa, com um fim relativo...
Para ao acaso...
Balbuciar as palavras... de verdade...

As palavras na posse da verdade essas...
Que teimam em não sair
Frente à perfeição do teu ser!
Que me faz omitir!

Omitir é...
Não mentir...
Mas ocultar a verdade...
Reservar... nos confins da minha mente...
Que te quero...

Conceito de auto-ódio, desespero e fraqueza...

Porquê lavar o exterior do corpo...
Se o interior, bem... se mantém,
Eternamente sujo...
Exalando fedor até além

Porquê lutar por algo
Se o dom necessário para tal
Não existe na minha mente
Mas por favor, não me interpretes mal...

Porquê desistir de lutar,
Se a luta, de facto, ainda nem começou...
Pois o total ódio contra mim mesmo
Não o permite...

E encontro-me a suspirar
Sobre a imagem da perfeição
Que alimenta sem indício de fim
As trevas dentro do meu coração

A ignorância é um dom
É felicidade tal
Que te faz não pensares demasiado no que não merece tempo
Mas por favor, não me interpretes mal...

Aqui se encontra o termo...
O fim...
A morte...
Obscuramente adiantada...

Podridão

Podridão

A minha mente...
Sofre de uma demência
Que me deixa indecente
E como humano... humano?

Neste antro de miséria
As minhas pernas... encontram-se imóveis...
Os meus braços... debatem-se contra eles mesmos
Estando revestidos de heras inexoravéis

Na minha face apática
Caminham insectos
E por vezes, quase que em atitude enfática
Pequenos anfíbios...

As minhas sobrancelhas
Foram substituídas por musgo
Na minha cabeça caem-me detritos do tecto
Devido à ruína do sanatório em que me encontro

A minha boca
Eternamente aberta
Não como se estivesse a gritar
Mas porque nunca a fechei em toda a minha vida

E por nunca a ter fechado
Me encontro aqui...
Tenho pena de não me ter conformado
Quando ainda me mexia...

Na minha boca cai-me um líquido sedante
Já nem lhe sinto o sabor
Parece que nunca provei de outra coisa sequer...
Toma-lo é como respirar... é como sentir o calor

Se bem que calor ou frio
Já nem consigo distinguir
Pois em cima de acendalhas ainda a arder
Já nada consigo sentir, já nada me pode ferir

Nem sei como me podem considerar humano
A minha coluna vertebral
Está agora envolta em líquenes...
Mas quando nas minhas pernas nascem já margaridas, qual é o mal?

Um grupo de putos medíocres
No meu quarto tomou entrada
À minha face atiraram-me pedras
Gozaram, cuspiram e no meu peito, cravaram-me uma enxada

Foi por meros milímetros
Que não me acertaram no coração
E sempre que este bate
Sinto-o tocar nas extremidades da da enxada
E dói...

As minhas lágrimas caem verdes
Tomando a cor do musgo
Que substituiu também as minhas pestanas
E as lágrimas correm-me para a boca e têm um mau sabor

Mas vejamos pelo lado positivo
Há 15 anos que não sentia nenhum sabor diferente
Mas isso é subjectivo...
Um dos garotos acertou-me com uma pedra na boca

Eu engoli a pedra
Tinha fome!
Ela continha sal que se anexou às minhas feridas interiores
E agora dói-me ainda mais...

Ouvi o que me parecia ser um bando de ladrões
A entrar no sanatório
Entraram no meu quarto
Roubaram os azulejos e um objecto valioso e marmóreo

Nada custou-me ver partir
Excepto as minhas margaridas
Parece que quase por maldade me as roubaram
Que bem que elas cheiravam

Não há necessidade de tanta malvadez

Agora cheira-me a bafio
A ausência das belas flores
Preencheram-me o buraco
Que completava a mais profunda das minhas dores

Um réptil de dimensão média aproxima-se
Fita-me com olhos de predador
Aproxima-se de mim e morde-me o escroto
Morre de seguida, tão mau é o sabor...

Um lobo entra na minha divisão
Fita-me com olhos de compreensão
Deixa-me uma nota
E uiva de aflição

Não compreendi a aflição dele... nem liguei...
Apesar de eu ser extremamente míope
Consegui ver o que estava escrito na nota
Nela estava um número, o número 3

Por mais voltas que desse à minha mente
Não conseguia entender o porquê do número
De seguida entrou no meu quarto um roedor
Pousou-se em cima do meu braço direito, e esmagou-me o úmero

Com ele trazia outra nota
E nessa nota outro número
O número 2...
Depressa percebi que se tratava de uma contagem decrescente

Doente... mas inteligente...

Por esta altura voltavam-me a crescer flores nas minhas pernas
Parecia um ramo digno de funeral
Um ancião deu entrada no meu quarto
E deixou-me uma folha de jornal

Nessa folha encontrava-se um robusto número 1
E umas heras contorceram-se no meu pescoço
Sufocando-me quando eu já não sabia que mais me doía...
No meu quarto deu entrada o que parecia ser um moço

Bem enganado eu estava, a minha vista apenas piorara
Era um anjo, metade humano metade lobo
Agrediu-me, e atirou-me para o chão
Com chamas escreveu o número 0 no meu peito

Então o telhado desabou...