quinta-feira, dezembro 30, 2010

Desejo perfumado

Desejo perfumado

Ai, este ar... é tão pesado
Parece quase... ferro...
Respira-lo... mesmo só um bocado...
É um lugar no cemitério onde me enterro...

Os músculos do meu corpo doem sem cessar!
Haverá calendário que tenha marcado?!
Quando esta dor vai parar?!
Ai este ar... é tão, mas tão pesado...

Dói-me do âmago do meu ser à ponta dos meus cabelos
É tanta a dor que até sangra a minha alma
Mas esses pingos de sangue só eu consigo vê-los
E é tanto o pânico mas também é tanta a calma

Só há um remédio para esta dor...
Esse remédio é o teu perfume natural!
Deixa-me cheira-lo para fim do meu horror
Só preciso do cheiro e de mais nenhum mal

O teu corpo saltando sobre o meu
Nas tuas deliciosas pernas a minha mão arrasto
Se desvanece a dor agora é só tu e eu
Cheiro-te taciturno, concentrado, nefasto.

Mas fartaste-te da minha desesperada durabilidade
Então deixas-me de rude e execrável maneira
Despedindo-te sem expressão de possível saudade
E vejo-te agarrado a outro tal rameira.

O ar dói a respirar e pesa de novo...
Dói-me não ter a doçura da tua pele
O roçar dos teus pêlos púbicos quando me movo
Sentir a tua vagina de sabor a mel

Esta dor nos meus músculos não me deixa em paz
E tenho um frasco de clorofórmio a meu alcance
Encontro-te na rua e apanho-te por trás
Deito a tua face no meu ombro enquanto me olhas de relance

Cheiro os teus cabelos cuidadosamente lavados
Podes ser uma galdéria mas és asseada
És a menina dos meus olhos desesperados
És o corpo que anestesia a minha mente conturbada

És toda minha mas espero pelo teu acordar
E ao acordares te agarro agressivamente
Tinha esperança de não ter de te violar
Mas terei que o fazer evidentemente...

Envergas uma mini-saia
Facilitas tanto o meu desejo
És como todas as da tua laia
Ainda assim os teus lábios beijo

Acaricio a tua face de beleza colossal
Que como tal não há nenhuma
Cheio-te como um sedento animal
E dor no meu corpo não sinto nem uma

Remédio tomado e guardo-te num frasco
Escrevo no rótulo do frasco o nome Laura
Quando não me servires serei o teu carrasco
Mas até lá até sobre ti terás um aura

domingo, dezembro 19, 2010

Lua Cheia Invernal

Lua Cheia Invernal

Todas noitas ela sobe lá bem alto
Como sorrindo para todos nós
Brilhando e à sua contemplação não falto
Nem que esteja só eu a olhar para ela, a sós

Mas este mês ela se enche ao início do Inverno
Ela marca a escuridão e o frio embora nos ilumine
Um fenómeno de tal graça que quem me dera que fosse eterno
Mas o que é menos duradouro é o que é mais sublime

Lobos encantados pela sua beleza
A ela uivando cantarão
Pois ela os ilumina com uma tocha acesa
Que não os trairá na escuridão

Mas ela nos trairá um dia
A controladora das marés
Nos deixará sem alegria
Afastando-se de vez

E quando ela nos estiver a iluminar
No dia 21 de Dezembro que me deslumbra
Eu ficarei o tempo todo a a contemplar
Mesmo que todo o mundo já durma

terça-feira, dezembro 07, 2010

A luz que não quero seguir

A luz que não quero seguir

Fui atirado na desgraça
Matei-me várias vezes
Para tentar fugir
Mas atiraram-me outra vez
Anjos vinham
Anjos iam
Anjos voltavam
Anjos partiam de novo
Tentando fazer-me acreditar
Tentando fazer-me seguir a luz
Mas a luz ofusca-me
A luz queima-me a pele
E sobretudo queima-me a alma
Eu não quero ir para a luz
Eu quero ir para as trevas
O frio toma conta de mim
Onde outrora batia um coração
Agita-se agora uma rocha
A depressão tomou conta de mim
Como uma mãe toma conta de um filho
Eu posso fugir seguindo para a luz
Mas a luz é a ignorância
A ignorância a felicidade
A sabedoria a tristeza
A sabedoria a força
A força a tristeza
A tristeza o meu eterno escudo
As trevas a minha eterna espada
Eu não vou para a luz

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Lição

Lição

Carrega este indesejado tormento...
De tremenda e imparável dor!
Um castigo que não dura apenas um momento,
Que te rasga a carne para teu horror!

Aprende esta dolorosa lição!
Cresce com a mutilação!
Vê o pó que sai dos teus ossos!
Serrados até serem simples destroços!

E sofre!
Como nunca antes sofreste!
Regurgita!
Esse sangue para mostrar que perdeste!

Engole essa a dor!
Vê a tua carne a apodrecer!
Sente esse pútrido odor!
Sente-te a perecer!

E golpeio-te com toda a minha ira!
Um excelente exemplo de violência...
Ao som desta agressiva tocata de lira,
Que toca o hino da malevolência!

Por isso aprende!
Esta lição que só se retém com a dor...
E chora!
Essas lágrimas do teu temor!

SOFRE!
Como nunca antes sofreste...
Rende-te ao meu tormentório!
Isto é o ódio, não percebeste?

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Vampira

Ela aparecera, de repente, e beijara os meus lábios, com tal intensidade, que os perfurou com os seus dentes invulgarmente afiados. Sugara um pouco, ou pelo menos parecera um pouco, do meu sangue, mas serenamente, os seus lábios frios extinguiam a quase inexistente dor... a melhor coisa que alguma vez me acontecera, embora tenha sido tenebroso. E foi-se embora correndo, mas ainda assim consegui observar a sensualidade desumana do seu ser. Fiquei petrificado de espanto com o sucedido. Tal foi o espanto e a petrificação, que até hoje ainda aqui me encontro imóvel... desejando um pouco mais do seu veneno.