terça-feira, fevereiro 01, 2011

A Preguiça e a Depressão

A Preguiça e a Depressão

Para a doce e gloriosa desgraça
Caminho em fervorosa marcha lenta
Para o infortúnio e total miséria
Esmagado por toda a sua massa

A dor desune as células do meu corpo
A desintegração é lenta e dolorosa
Estar morto deixou de ser um capricho
E passou a ser a mais intensa das necessidades

Enraivecido pelo sentimento de culpa
Tento coloca-lo furiosamente nos outros
O falhanço é recuperável embora difícil
E então renego-o orgulhosamente

Nos confins da depressão sem razão
Me enterro sem qualquer necessidade
Continuo nos meus queixumes egocêntricos
Tal a revolta do meu desentendimento

Este desentendimento comigo próprio
Na procura da inexistente razão
Para querer sempre mergulhar mais fundo
Mergulhar mais fundo em direcção à miséria

Tenho ouro, prata e até bronze
Mas para mim é tudo lata barata
A dor de alma rodeia-me impenetrável
Deixando-me sem ter para onde ir

Devia fazer algo que me desse honra
Mas prefiro não o fazer e encostar-me
Dizer que estou deprimido e em agonia
Esperar pelo fim repudiando o esforço

Para a desgraça!
Aqui vou eu!
Sem um justificável porquê...
Para a desgraça!
Aqui vou eu...

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