terça-feira, abril 19, 2011

Naufrágio

Naufrágio

Em vão,
Esqueci-me do que aprendi todos estes anos
Em vão,
Esqueci-me de todos os rostos humanos.
Em vão,
Deixei até sombras de memórias desvanecerem
Em vão,
Não chorarei pelos meus queridos que morrerem.

Pois de maneira alguma os lembro,
Como a tarde solarenga de Novembro.

Feliz esqueço a tristeza
Triste esqueço a felicidade,
Loucura a minha alteza
Maluqueira, oh divindade!

Em vão,
Perde toda a graça o dançar da floresta,
Em vão,
Perco-me na solidão, única coisa que me resta.

Desaparece a memória
Agora apenas história,
Que o homem desconhece,
E no vento padece.

E o vento canta a história no oceano
Atraído pelo magnífico azul ciano
E jamais cantará p'ro ser humano,
Pois ao não perceber ficaria insano,
Tal curiosidade suscitam os cantos
Tão cheios de rancor e de prantos.

Desaparecem os navios que o oceano ousam cruzar
São as minhas memórias, as minhas memórias a os afundar.

(Parte o remo que tens na mão,
Salvaguarda o teu coração.)

sexta-feira, abril 15, 2011

Envelhecer

Envelhecer

Para escrever este poema:

Invoco o frio e o vento
Invoco o álcool que destrói,
Desinibidor do atrevimento,
Invoco o envelhecer que mata e mói.

O poema:

Que há para celebrar?
16ª volta ao sol desde mim,
Legalmente álcool comprar,
Felicidade mas não tão assim.

Esta nação não me alegra nada
Cheiro a putrefacção da mesma,
A sua recuperação um conto de fadas
E neste mundo sou mais uma lesma.

Lesma que deixa no mundo ranho
Não o suficiente para causar mossa,
(Mas em conjunto)
Destruindo um pouco do mundo que tenho,
Mundo que no limite já roça.

Querem me dar uma prenda?
Destruam o mundo de uma vez!
Ou recuperem-no e sejam lenda.

Vejo a sociedade perecer,
Vejo a cultura apodrecer,
Vejo a natureza morrer,
Vejo-me a envelhecer.

Ainda há algo para celebrar?
Um adolescente consumido pelo ódio!
Que outrora foi uma criança a jubilar!
Lesma em que deitam cloreto de sódio!

Só espero rir no fim..
Desta 16ª volta ao sol depois de mim.

segunda-feira, abril 11, 2011

Um beijo com a palma da mão

Um beijo com a palma da mão

Uma fúria que ascende
Um desejo que predomina,
Impelir dor que ofende
Uma resposta que se abomina.

Uma raiva incontrolável
Uma mão que se levanta,
Uma acção inegável,
Gota de suor se abrilhanta.

Suor do nervo da ira
Vontade incerta de magoar,
Onde razão nunca interfira
Para a paradoxo não chegar.

Caminho que a mão percorre
Um efémero ódio, mas ódio,
Uma paciência que morre,
Violência no pódio.

Um contacto rápido de pele
Carne contra carne e dor,
Um ardor na mão se impele,
Assim como na cara do opositor.

Satisfação e depois arrependimento
Objectivo cumprido infelizmente,
Um medo de resposta no pensamento
Um calafrio que se sente.

Ranger de dente
Arrependimento latente

segunda-feira, abril 04, 2011

Desvanece o electrão

Desvanece o electrão

E o vento irrompeu pela minha casa
Trazendo consigo a sombra da morte,
Os meus prospectos ardendo na brasa
Deixei-a entrar para a minha sorte.

Prospectos esses que não os acredito
Impele o negativismo pois então,
Por mais que o futuro esteja dito
Caiem as pétalas do meu coração.

Pinto o meu futuro de verde floresta
Para inspirar minhas tristes trovas,
E paixão de as fazer é o que me resta
O resto razões para cavar covas.

Talvez sejam só bloqueios do sonho
Devido a este núcleo negativo,
Núcleo negativo de que disponho
No pensar sempre... sempre activo...

Mas a esperança deixou cair seu véu,
Pondo jubilo no lugar de amargura,
Como nuvem que despe lua no céu
Levando canis lupus à loucura.

"A morte bateu-me à porta
E eu não a deixei entrar,
Foi a esperança a reclamar
Que não está... DE TODO MORTA!"