sábado, junho 25, 2011

Ironia de Morrer

Ironia de Morrer

Morrer de sede
No meio do mar
Morrer de fome
Num colhido pomar

Morrer de frio no verão
Tentando dele fugir
Morrer de calor no Inverno
Ao tentar me cobrir

Sucumbindo à tristeza
Mas sem depressão
Morrer de tanto rir
Na desolação

quarta-feira, junho 15, 2011

Tu és a ilha...

Tu és a ilha...

Tu és a ilha que outrora rodeei,
Tu és a ilha de que tão perto estive,
De que tão perto estive mas ignorei
E agora lá longe o meu coração vive;

E remo arduamente para a ti chegar
Mas nem a força da mais pura paixão,
Me consegue fazer de ti aproximar
E vejo-me perto de desistir na frustração.

Mas na verdade eu sou o horrível
Que lá te deixei nessa solidão,
Sou o abominável egolatra terrível
Que esconde o seu mal pedindo perdão;

E perdi então a tua confiança,
E remo para te alcançar mas sem sucesso,
Mas não morta a minha esperança
Eu quero a tua mão isso eu confesso.

E apesar de só te ver afastar
Não prometendo se me deres a tua mão,
Com força a irei agarrar
Movido pela impulsividade da paixão.


Tu és a ilha... E a mais bela delas todas
Não digas que não...

sábado, junho 11, 2011

Sono

Sono

Em simbiose dormindo
Debaixo da asa da melancolia,
Toda a santa noite
Todo o santo dia;

Arrasto o corpo no quotidiano
Como um cadáver que vive,
Sinto-me a boiar num oceano
Mas tão em Terra nunca estive;

E as pálpebras a pesar
A não querer enfrentar o dia,
Em simbiose a dormitar
Debaixo da asa da melancolia;

A viver porque tem de ser
Procurando plenitude,
Em sofrimento e efémero prazer
Assim o mundo em negritude;

Invejo os pássaros que cantam
Fazendo assim face ao dia,
Batendo as asas em liberdade
E eu debaixo da asa da melancolia.

quinta-feira, junho 09, 2011

Vazio

Vazio

Refracta-se no prisma da vida
Uma overdose de sentimentos
De confusão a mente embebedida
Catarse forçada em alentos

Desespero e medo de perder
A querida vontade e o jeito
O tempo passa e nada a nascer
Nada a aparecer direito

Parte-se a corda da guitarra
Apodrece o fruto da árvore
A ideia no cérebro não se amarra
Cérebro esse agora de mármore

Sinto o vazio que estava na minha folha
Agora cheia de queixume mas com razão
Nesta garrafa de versos coloco a rolha
Mais um poema para a colecção

sábado, junho 04, 2011

Urtiga

Urtiga

Convidado para a mansão do sonho
Para num leito de rosas descansar
Mas lá dentro nada vi de risonho
Numa cama de urtigas tive de me deitar

E a resposta aos meus gritos de dor
Eram os ecos da má acústica da mansão
Reflectia-se num espelho imundo meu terror
E um ódio a quem me fez a invitação

Levanto-me devagar devido às urtigas
Pois o seu efeito faz-me de dor tremular
Tento escapar fazendo duas figas
Sigo a luz de um dia a acordar

Caio numa armadilha de profunda lama
Anos mais tarde fossilizado sou estudado
Não ouvisse eu uma voz maternal que me chama
Sem mais urtigas em meu redor sinto-me aliviado

Mas uma folha de urtiga enlanguesce no meu cabelo...