sexta-feira, julho 29, 2011

Utopia...

Utopia...

Nas cinzas de um mundo perdido
Vejo germinar a semente da utopia,
Onde amor deixa o ódio destruído
Onde padece o interlúdio de um perfeito dia;

O ser humano regurgita a cobra
Que envenena a compaixão de ganância,
Evolui do verme que putrefaz a sua obra
Esquece o falso profeta de amor, verdadeiro de ignorância;

Encontra-se então a porta para o puro
Um equilíbrio de instabilidade em tudo o que nos rodeia,
A luz no vácuo e no espírito mais escuro
Todos se amam e ninguém se odeia;

Porque ser cego não é não ver, é não encontrar a razão
Ser cego é encher de inútil fantasia, a realidade,
É colocar vermes dentro do peito sabendo que nos vão comer o coração
Endoidecer o mundo não é o objectivo da arte...

Utopia é dar o devido uso ao fantástico
Utopia é fazer justiça ao dizer: "Sou racional!"
Utopia é amor com um efeito de elástico,
Utopia é superar o Homem, ser quase mais que animal!

E sobretudo... a utopia é impossível...

quarta-feira, julho 27, 2011

Moldando o barro...

Moldando o barro...

A garrafa ou a a floresta
Para me esconder do pessimismo,
Insanidade ou a dignidade que me resta
A questão abala-me como um sismo;

Crescer ordenam-me a mim,
Mas como o astro vira supernova
Crescer é caminhar para o fim,
Uma lição ou uma valente sova?

Mas olho para o céu em filosofias,
E sinto chover o dilúvio da esperança,
Pego no barro sujo dos meus dias
E moldo o amor com que tudo se alcança;

Escolho então a saudável dignidade
Pois encontrei amar para o intermédio do astro que sou,
Escalo a montanha da felicidade
Subindo a corda que na ponta a motivação queimou.

segunda-feira, julho 25, 2011

Orquestra de Vento

Orquestra de Vento

Marca o ritmo para uma sinfonia outonal
O esmagar das folhas secas caídas,
Que vieram num precoce vendaval
De melodias perfeitas mas não lidas,

Não lidas porque não há nenhuma partitura
Para esta inspiradora orquestra de vento,
Que longas notas subtilmente segura
Num timbre melancólico e lento;

E dançam então as folhas rua abaixo
Respeitando compassos de pura beleza,
Onde não há violino, violoncelo ou contra-baixo
Só uma orquestra de vento na natureza.

terça-feira, julho 19, 2011

Suicídio...

Suicídio...

Gentis, por nossa culpa, caóticas tempestades!
Submetam os porcos Homens à vossa dança,
Façam-nos sentir bem perto o Reino de Hades!
Destruam o nosso pútrido sentimento de esperança...

Submetam-nos a essa tão, mas tão ridícula morte!
Que mísero suicídio, neste caso, é apenas...
Oh frutos da nossa imprudência tão, mas tão forte!
Nós que mutilámos este magnífico jardim de açucenas...

E ignoramos o grande Caos que, neste momento, já se desenlaça...
A vingança desta bela, mas tão bela a Terra!
Pois ao tentarmos, por ganância, roubar sua graça....
Com dor e desolação a nossa história se encerra!

segunda-feira, julho 18, 2011

Desilusão...

Desilusão...

Preso estava numa parede
Mas ao acordar espantado,
Com um pouco de fome e de sede
Reparei que fui libertado;

E vejo uma porta aberta outrora fechada
Resplandecendo para mim,
Será uma saída ou uma entrada
Para um novo mundo sem fim?

Há muitos anos que a minha alma está presa
Fruto de uma horrorosa alienação,
E vejo agora a fuga, a esperança acesa
Aguentará o meu fraco coração?

Vou devagar muito desconfiado
O que haverá para lá deste portão?
Mas vejo-me de novo agoniado,
Fechou-se a porta... mais uma desilusão.

segunda-feira, julho 11, 2011

O Sangue dos meus Heróis...

O Sangue dos meus Heróis

Cresci admirando o seu talento
Cresci admirando a sua bravura,
Sobre a chuva, sol e vento
Levando multidões à loucura.

Mas passa o tempo da sua glória
Abandonados eles são pela luz,
Esquecida é a sua história
Que para o fim se conduz.

E na sua morte são recordados
Seus fãs os choram em alvoroço,
Porque mortos todos são amados
Nem que esse amor não passe de um esboço.

Erguem-se estátuas no seu fim
E atingido é por 1000 sóis,
Secando e esquecido assim
O sangue dos meus heróis...

sexta-feira, julho 08, 2011

O Deus que eu sou...

O Deus que eu sou...

Eu sou a destruição e a fúria!
Eu sou o caos e a desordem!
A justificação da tua lamúria!
As mãos que te alimentam e te mordem!

Eu sou o teu eterno Salvador!
Que te mostra falsa piedade,
E sou o teu eterno castigador!
Castigando-te até à tua insanidade!

Presenteia-me com múltiplas orações!
Que me estimularão o meu ego,
Dando-me inúmeras doces tesões,
E risotas ao teu ser tão cego!

terça-feira, julho 05, 2011

Desejos reprimidos...

Desejos reprimidos...

Ao menor sinal de atracção
Sigo o meu desejo carnal,
Atraídos os meus lábios são
Tal íman atrai um metal;

E vejo-os nos seus lugares,
Emanando ondas de irritação
E eu surjo do fundo dos mares,
Rendendo-me às maravilhas da degolação!

E vejo as riquezas sem valor
Mas que sorriem para mim,
E num gesto de escasso pudor
Torno-as minhas! Enfim...

E vejo a carne resplandecente
Resplandecendo a sua graça,
Mastigo e degluto quase demente
Digerindo agora a sua caça!