Maré de Sorte
Caminhando à beira-mar em desolação
Surpreendido sou por uma onda forte,
Afogando-me já sem ar em nenhum pulmão
Vivo ainda à deriva numa maré de sorte;
Com escárnio olhei para tudo o que fiz
Duvidando do meu valor em tudo,
Mas diante do meu sobrepujante nariz
Vejo que nem todo o mundo ficou mudo;
O Mestre mandou-me então escrever
Numa vazia folha ao lado da sua,
Para conjurar um astro a nascer
Com a classe de um poeta de rua;
Foi o Mestre que me lançou a onda
Que puxou os meus versos para Norte,
Para os examinar com a sua sonda
E chamo-lhe pois uma Maré de Sorte;
Assim damos uma devida continuação
Abrindo o coração e borrando papel,
O que tão boa fama deu a esta nação
Ora sobre uma morgue ora sobre um bordel!
Sem comentários:
Enviar um comentário