segunda-feira, outubro 31, 2011

Uma vida inteira morrendo... (Esperando a plenitude que há de vir)

Uma vida inteira morrendo... (Esperando a plenitude que há de vir)

Calado, calmo, sereno e morrendo...
Não quero ser o dono do universo,
Quero apenas chicotear o tempo
Por desejos inocentes um acto perverso;

Tal estátua clássica, contemplativo
Observo os segundos mórbidos a marchar,
Uma vida inteira com um medo primitivo
Que chegue a morte antes da plenitude encontrar;

Vagueio sozinho nas ruelas do narcisismo
Repouso estático num abrigo de modéstia,
Rangendo dentes nego com cólera o hedonismo
Vejo o sonho iluminar-me de uma réstia...

O tempo faz-me ver de longe tudo o que só o desejar alcança...
Não venham os Reis idiotas destruir-me isto tudo!
Já me rasgam alguns sonhos mas ainda tenho esperança...
E se arderem com a vida que quero, rancoroso, depressivo e mudo!

O suspirar acompanha-me quatro mãos cheias a cada dia...
Por meses gastos a morrer para ter o que eu sempre quis!
A orquestração malévola da sociedade me angustia...
Para o querer intenso de tanto querer ser feliz!



Germinam lágrimas ao imaginar ter o que quero na mão,
Não é chorar, é a não indiferença a que me submete ver perfeição...

segunda-feira, outubro 17, 2011

Ionização

Ionização

Preso na decomposição orgânica do nada
Em liberdade no vazio astronómico de tudo,
Ofuscado pelo brilho da sabedoria, essa espada
De que os miseráveis se defendem com ignorância, esse escudo;

Felizes aqueles que julgam ter as respostas
Convencidos de que nada mais há para ser sabido,
Tristes os que sabem que só têm amostras
De coisas que preferiam pensar não haver para ser conhecido;

Certezas ninguém as pode tomar por certas
Um oxímoro talvez mas talvez também sensato,
Uma geração informada com desinteressados alertas
Para a miséria que voa sobra nós, e eu intacto;

E eu intacto... relativamente vivo e são
Roboticamente comandado por quem tem o mundo,
Eles são o átomo e eu sou um electrão
E todos juntos moléculas instáveis
Formando um cancro neste planeta moribundo;

E não consigo compreender o meu lugar
Saltando de orbital em orbital,
Com a raiva e desejo de me querer ionizar
A crescer e contaminado pela a aceitação
De que sou apenas mais um comum mortal.

Mas sempre distante do núcleo,
Dos mutiladores do sonho.

sábado, outubro 08, 2011

Nestes dias defuntos...

Nestes dias defuntos...

Nestes dias defuntos
É só mais um passo que dou,
Por caminhos disjuntos
Questiono-me quem sou,
Sempre seguindo um trajecto
Que não é e nunca foi o meu,
Mas lamentos inúteis sou um objecto
De quem o mundo apodreceu;

Cegado por um indesejado clarão
O branco de todos os cenários,
O vazio dos dias nos calendários
Talvez melhores dias virão...

Nestes dias defuntos
É só mais um passo que dou,
Cabeça em complexos assuntos
Que disseram meus, mas quem eu sou?
Grito no poço do oblívio
Por um botão para avançar estes dias,
E suspirar de profundo alívio
Encontrar não mais agonias...

Preciso de um mapa para o labirinto
O labirinto da pura ilusão,
Mão de Deus que me esmaga o coração
É por isso que ainda vivo não minto...

É por isso que ainda estou perdido
É porque descobri a verdadeira saída,
Persigo a melodia para encontrar a minha vida
E decerto tirarei a bala que me deixou abatido,
Sorrindo para um astro que me guia
Para o teu sorriso que encontrarei um dia!

E até esse dia chegar,
Nébulas de sonho para contemplar.