segunda-feira, outubro 17, 2011

Ionização

Ionização

Preso na decomposição orgânica do nada
Em liberdade no vazio astronómico de tudo,
Ofuscado pelo brilho da sabedoria, essa espada
De que os miseráveis se defendem com ignorância, esse escudo;

Felizes aqueles que julgam ter as respostas
Convencidos de que nada mais há para ser sabido,
Tristes os que sabem que só têm amostras
De coisas que preferiam pensar não haver para ser conhecido;

Certezas ninguém as pode tomar por certas
Um oxímoro talvez mas talvez também sensato,
Uma geração informada com desinteressados alertas
Para a miséria que voa sobra nós, e eu intacto;

E eu intacto... relativamente vivo e são
Roboticamente comandado por quem tem o mundo,
Eles são o átomo e eu sou um electrão
E todos juntos moléculas instáveis
Formando um cancro neste planeta moribundo;

E não consigo compreender o meu lugar
Saltando de orbital em orbital,
Com a raiva e desejo de me querer ionizar
A crescer e contaminado pela a aceitação
De que sou apenas mais um comum mortal.

Mas sempre distante do núcleo,
Dos mutiladores do sonho.

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