quinta-feira, dezembro 27, 2012

27 de Dezembro de 2012

Apenas os dois agarrados na margem do Rio Tejo
Saboreando ondas exaladas dos pulmões da paixão,
Ao passado contigo cada momento eu tanto invejo
Com sonhos de um futuro divagando na perfeição,
Apenas calma, apenas serenidade, apenas tu e eu
Multidão infindável mas só existem duas pessoas agora,
Só me importa agora o que mais brilha de entre o que é meu
Tu e só tu... Que me dás motivos para ser feliz a cada aurora,
Cada gesto... Cada palavra... O despertar de uma emoção inexplicável...
Dor no presente de quando escrevo esta memória
Mas é doce dor com lábios quentes a que foram anexados de forma inexorável,
Recordações de um dia que acrescenta um perfeito capítulo à nossa história!

Contigo as nossas almas viajam para longe juntas,
Fazendo tristezas e amarguras permanecerem defuntas.

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Máquina a Vapor

Noite...
Fria...
Anuncia o Inverno
Quem me levará?
Para lá...
Dos recantos deste Inferno...
Onde as questões...
Se interpelam
E descansam assim...
Sem emoções
Me flagelam
Quando penso no fim...
Desta história
Limitada...
Pelo tempo, pela morte
Que ceifará vida e memória
De mim...
E quem...
Sou eu...
Eu já nem sei...
Serei isto?
Estou a tornar-me máquina?
Já sabe a ferrugem
Mesmo sem ainda ver
A máquina a vapor
Que me faz supor
Será vida a vida?
Ou será vida a ceifa?
Ceifar a terra
Até a terra me ceifar a mim...
Num sistema obsoleto
Em que ninguém vê o ridículo
Nascer, ver filho, ver neto..
E partir deixando-os aqui...
Num mundo em que os corações
Bombeiam vapor...
Para uma causa...
Em que eu não acredito...
Somos carvão humano...
Num campo de concentração sofisticado...
Mas com entretenimento insano...
Nem vemos...
O círculo de rede...
Em que estamos presos...
Marchamos diariamente
Para algo que nunca escolhemos...
Uns cegos... Outros lacrimejam...
Eu lacrimejo...

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Podridão II: A Sobrevivência...

Atraiçoando contra a minha vontade
As estruturas do que me compõe,
Perdido num deserto de diversidade
De métodos de tortura de que a existência dispõe,
Nestas ruas já nem existe poluição
Cheira a cancro e habituamo-nos a sentir,
Nódulos nauseantes tão forte a emoção
Perante tal grotesco a que temos de assistir,
Caio de podre lamentando a minha impotência
Pele, carne, osso... Tudo se fragmenta,
Até as minhas lágrimas caiem providas de "excremência"
Cada hidrato de carbono no tecido se fermenta,
Os meus músculos e a minha pele munidos de gás
Dor aguda penetra nos nervos da minha alma,
Transpiro ou sangro? Uma pergunta de pertinência voraz
Pois lidando com tamanha agonia não consigo pensar com calma
Apertando desfaço um pouco do meu esquerdo polegar,
Um vício masoquista mas que já não é tão estranho
O meu débil estado tirou-lhe a força de executar,
Qualquer reles tarefa e aqui resplandece quase castanho
Estou tão imundo que aos vermes causo nojo,
As bactérias nas minhas eternas feridas são a minha única amizade,
Na minha locomoção eu impulsiono-me de rojo
E tão negra quanto a minha esperança quando penso em felicidade...
Um líquido no meu percurso mistela de negro com escarlate
Misturado com o que regurgito porque me incomoda muito,
Isto é o que sinto com a verdade que em mim se abate
A renegação da escravidão foi sem intuito...
E acordo pensando em algo que com pouca dor me mate
Porque não quero prosseguir com tamanha desilusão
Com a necessidade de um futuro de que a alma não tem precisão...
Só a sobrevivência...
Como eu odeio ter de sobreviver...
Neste planeta perdendo a sua essência...
E longe da única coisa que preciso de ter...

quarta-feira, novembro 28, 2012

Miséria... Sem ti...

Está tudo morto entre nós
E os cadáveres caem ainda,
É vil este mundo atroz
E pisando vísceras a sós
Este terror aqui não finda;

Cheira a lágrimas nesta rua
Tantas que já se distingue o odor,
É a tristeza pintada nua
Em todo o corpo que não flutua
Para lá dos horizontes da dor;

Não há astro que ilumine este céu
Nesta noite de agonia e amargura,
Um quotidiano com fúnebre véu
Da cegueira da sorte eu sou um réu
Longe de ti sinto o bafejar da loucura...
Que me arrepia de morte, e a dor já perdura...

A cada aurora fraquejo tanto,
Desnutrido do teu encanto...

quinta-feira, novembro 22, 2012

Momentos de Fraqueza V: Poema que vale nada...

Olho para as minhas origens
Tudo está a morrer, tudo mudou,
Olho de tão alto que tenho vertigens
Eu não colho deste mundo aquilo que lhe dou;

Só não visto asas de anjo porque não são desta dimensão,
Vejo tantos corpos afogando-se orgulhosamente num mar de droga,
E vejo o destino atirando bóias em ouro na sua direcção
E eu mente sã corpo são, num mar de fogo a minha essência se afoga;

Arrasto comigo cadáveres neste percurso tão longínquo que é a vida
São os meus fantasmas do presente nada brilha neste corredor,
Neste rosto uma enorme história de dor e miséria pode ser lida
Enquanto eu estou preso numa locomoção horrenda afastado do meu amor...

E tudo parece negro à minha volta nestes momentos de fraqueza
Neste momentos em que encontro tudo menos descanso, nada tem valor,
Quase nada tem valor, porque a vontade de existir não é a realeza
A realeza é fechar os olhos e imaginar que está tudo bem porque quase nada tem valor...
Quase tudo vale nada, só tu vales tudo meu amor...
Até a minha própria vida...
Vales qualquer uma ferida...

sábado, novembro 17, 2012

Décima que Exalta o Medo da Morte

Lavra no aterro à procura de semear a glória
Espera que nasça e vegeta na miséria,
O suor na testa, uma felicidade ilusória
Morres como o nada que nasceste,
E fazendo face ao passado de forma séria
Conheces o pânico, o fantasma que colheste,
Um olho no Oceano Atlântico
Como tanto que não viste, nunca o cruzarás,
E quando o anjo da morte começar o seu cântico
Faz luto à vida que nunca retomarás.

quarta-feira, novembro 14, 2012

Sofisticar e Confundir: Momentos de Misantropia Tão Incontroláveis Que Me Florescem Nos Poros da Pele

Num contemplar da existência
Vejo largados ao mundo,
Uma massa de corpos sem qualquer essência
Que não exibem valor nem em um segundo,
Que na minha face mais cruel
Me fazem pensar que aqui estão a mais,
Mas porque a bondade é o meu verdadeiro papel
Digo apenas que são seres iguais,
Sem nada que os distinga
Um par esférico tão vazio,
Que parece que da ponta de uma seringa
Lhes deram o que balbucio
Ser o fim do sofrimento vitalício...

Pois as lamentações que esses parasitas cospem sobre um formulário
Não correspondem a uma vírgula da definição de dor no meu dicionário,
E assim que intersecto o seu hediondo e reles modo de olhar sobre a vida
Sinto asco perante tamanho hedonismo imundo e pergunto-me se lhes é merecida...

Dançam e divertem-se em varões barrados de matéria fecal
Olhos vazios apenas para localizar o mais barato prazer,
Há tantos bordéis à minha volta que o cheiro me faz mal
E no mais profundo e incontrolável âmago do meu ser...
Desejo-os ver sofrer...
Tal como Humanos que fazem valer a sua alma
Pois é naqueles que vêm apenas o seu desalmado deleite,
Que encontro tantas vezes o meu inferno
Que só é derrotado pelo meu amor eterno...


Sofisticada podridão, confundindo a bondade de certo coração...

sexta-feira, novembro 09, 2012

Momentos de Fraqueza IV: Devoção por Esperar

É o meu culto pagão
Só meu e monoteísta,
Baseia-se na força da paixão
Por uma Deusa que me conquista,
Quase que custa sangue
Na verdade dói mais até,
Mas não há sacrifício que me zangue
Nada destrói a minha fé,
A fé de que vou ser feliz um dia
E outono nem será metáfora para desolação,
Porque até na primavera a minha vida sem ti é vazia
E esperar que tu chegues é a minha devoção,
Devoção por desesperar
E alma a fraquejar,
Devoção por esperar
E ao meu trono irei chegar
Sem ninguém me desafiar,
O caminho em chamas valerá à pena
E à medida que piso este carvão incandescente,
Com memórias da tua pele pálida na minha pele morena,
Sonho que um dia poderei aproveitar o presente
Sem bradar aos céus para que os dias passem,
E aí estarei eu devoto pelos teus braços que me abraçem.

quarta-feira, novembro 07, 2012

Momentos de Fraqueza III: Versos de Cansaço

Parece que todos os dias morro um bocado
Numa aurora cuja melodia não soa tão desejada,
Por momentos respiro tranquilo na doçura do passado
Onde estivemos, mas logo perco-me outra vez na realidade...
Miserável no confronto com a face da verdade
Está longe a minha amada...
E o caos à minha volta é o cais em que a espero.
É o átrio em que desespero.

quinta-feira, novembro 01, 2012

Sofisticar e Confundir: Esses abutres...

Um olho no sonho
E outro na subsistência,
O sistema é medonho
A máquina a violência,
O espírito nos tortura
Dói-nos por dentro,
A lamentação já dura
Da periferia ao centro,
Todo a parte do ser
Arde com frustração,
Num planeta a morrer
Pela podre condição,
De viver assolado
Por falsas intenções,
Medidas de um Império amaldiçoado
Com sofisticadas confusões,
Sofisticadas e pomposas
Que simplesmente nos arruínam,
Com ordens grotescas e horrorosas,
Que na nossa inconsciência nos dominam
E na nossa miséria se alimentam,
Esses abutres com frases de encantar
Deixando-nos palavras que mesmo que não se entendam,
Homem algum jamais se atreveria a discordar!

domingo, outubro 28, 2012

Sofisticar e Confundir: E um mundo que não há de vir.

Eu estive deitado num solo
Tão intocado que era irreal,
A natureza levava-me no seu colo
A pureza era imensa e anormal,

Eu vi na água o meu reflexo
Julgava ser um metal extremamente polido,
Memórias de um planeta industrialmente complexo
Onde tudo o que é natural foi destruído,

A harmonia é artificial
Mas onde estou agora não,
Sem protocolos para preservar este lugar
E não fosse só a terra, reina a compaixão,

A capacidade de reflexão
A valorização não é lei,
A utopia, a perfeição
Ninguém manda e cada um é rei,

Nada está escrito
Não existem sistemas corruptos,
Tudo é pacífico, tudo é bonito
Sustentação natural, os sorrisos são absolutos

Não reconheci este planeta
A cobiça e a maldade morreram,
Nenhuma crise se enfrenta
Os felizes no que é imaterial nasceram,

Ali o céu, a terra e água eram vida
O mundo uma balança direita,
Todo o ser tem a dignidade merecida
Toda a criatura se respeita,

Enlouqueci na alegria de existir
Sem fantasmas para assassinar,
Só existem memórias de um mundo que vi diluir,
Na doença de tudo desejar
Sem objectivo...

Mas quando pensava ter atingido a acrópole da existência humana...
Acordei, tossindo com a poluição que habita nos meus pulmões...
Lacrimejei, perante uma realidade que me faz ver de maneira insana
Os sonhos como luxo aristocrático e o medo de não ter um futuro sem recordações...
De miséria, sofrimento que ainda estarei por conhecer
E tudo isso simplesmente para sobreviver...
E nesse futuro ao qual sem certeza chegarei
Será que os meus sonhos que construí desde criança alcançarei?
Resta colher a espada que com esperança na minha alma semeei
E com raiva e determinação a maldição de nascer neste planeta, eu destruirei.

terça-feira, outubro 23, 2012

Procurando o meu trono

Sinto o cheiro de um dia a findar
Floresce uma raiva pelo ciclo,
Percorro a obrigação do tamanho do mar
Oiço como comum, guardo como ridículo,

E a toda a hora só desejo o fim
Porque não suporto fazer o meu papel,
E quando termino, mesmo assim
Torturo-me com o próximo ritual no meu pincel,

E com este pincel lá corro o percurso
Chego ao fim, uma palmada nas costas, nada me satisfaz,
A loucura como fuga é o meu último recurso
Mas anseio esse trono que no horizonte jaz,

Mas é tão furiosa e voraz a solidão
Que perdido nos pesadelos da introspecção
Penso em quando estiver lá alto no meu trono
Só quero largar a espada nos encantos do sono
E ao acordar ter melodias para contemplar
Ter o teu ser para com paixão acarinhar
E não ter que me auto-iludir com sonhos que não tenho
Que mais não são os esforços típicos de rebanho
Para sobreviver...

E desde a infância que me repeti
Não serei escravo e me desiludi
Com a condição natural do meu ser
Que só quer ter um trono sem ter nenhum poder...

Às vezes soa mais deliciosa a ideia de não morrer, mas simplesmente cessar de existir.

domingo, outubro 14, 2012

O conto de um homem num parque de depressões

No éter dos olhos
O mais devastador dos incêndios
Que por mais que grite
Não derrete o gelo colossal
É a resistência de uma alma
Experiente à peste da nossa era
Que por não se alienar
Ou por alienar-se completamente
Não solta a enorme a fera
Que fugiria à miséria e ao desespero
Levando-o para um mundo de ilusões
Que com ira e ódio renega
Mas não encontra o sossego
Um homem triste que acordado
Se senta num banco de madeira velha
Corroído pelos vermes
Que são não mais que as vicissitudes
Mas adormecido se senta num alto trono
Que homem algum jamais desafiaria
Onde o mundo é belo e é brilhante
É o Imperador que nada comanda
A não ser o que mais deseja comandar
A sua vida...
É livre...
É feliz...
Num mundo de gente livre e de gente feliz
Onde compaixão é a palavra de ordem
Uma civilização antónima à que conhecemos
E podia simplesmente isolar-se deste mundo que não lhe encanta
Nem que isolação fosse sinónimo de chumbo no cérebro
De corda no pescoço
De veneno no sangue
Da graça da gravidade
Das profundezas de um rio
...
Tantas as opções...
Mas não...
Pela ética de um povo
Cada vez mais decadente
Não se comete ao luxo da ostracização
Será fraqueza de alma?
Ou será uma gota de esperança?
A opinião é inconstante
Mas neste mesmo instante
Em que o sorriso não se alcança
Perde-se neste parque de depressões
Subjugado a uma tortura de emoções
E só espera não perder o rumo
Neste atalho sem muita doçura
Onde questiona a sua loucura
Que já lhe pareceu mais distante
E qual a razão que o leva a não pedir o sono eterno?
Porque nas profundezas deste inferno
Há uma mão de anjo
Que aperta as suas com força
Que o faz apenas desejar
Que as mãos pelas quais ela o agarra
Não sejam cortadas fora
Que nunca se quebre o laço
Porque o triste homem é feliz
Só não sente a felicidade
Com a razão da sua vida...
Tão longe...

Cruzar este parque de depressões
Onde um grupo de hienas o rodeia
É doloroso e a mais triste das lições
E mesmo sofrendo com a mais agonizante cefaleia
Ele sabe que do outro lado estará o júbilo...
Olhará para trás e dirá... Valeu a pena...
Ou tal sorte ele espera... ele espera...

quinta-feira, outubro 11, 2012

Ser Humano

Vieram pôr um fim doloroso à vossa vida
Definhem até ao fim da vossa porca existência,
Cheia de impureza, pecado e jamais merecida
Pregam o vosso findar, espécie de parasitária essência,
Uma reflexão sobre a bondade, eternamente procrastinada
Erguem-se para sugar ópio, numa ilusão excrementícia,
Fecham os olhos, está tudo bem porque não vêm nada
Sentem a euforia do degredo, a mais cobiçada delícia,
A delícia dos corações podres, fraquejando perante a realidade,
A realidade de que está tudo mal, aprendam a ver
Endoideçam com a miséria, interesse não é confraternidade,
E se se perdem numa procura egocêntrica pelo simples prazer...
...talvez mereçam mesmo, mesmo sofrer...

És pessoa, tens o poder dentro de ti para te curar,
Até o descobrires o teu sorriso tem o tempo contado
A peste de te ignorares a ti mesmo vai de novo te atormentar,
Ouve a melodia do cristal dentro de ti, ou vives em pecado.

E não há Deus que te castigue por isso, só tu te podes fazer a auto-cirurgia.

Ser Humano... É ter nas mãos o livro mais divino... Que num segundo de reflexão nos faz ver uma miríade de capacidades... Oxalá todos as utilizássemos, talvez o mundo fosse perfeito, talvez a vida não cheirasse a maldição na maioria das minhas horas.

quinta-feira, outubro 04, 2012

Sol Invicto

Um purificador raio de luz
Uma carícia a tudo em que acredito,
O teu sorriso que me seduz
Com este poder nas mãos, eu sou um Sol Invicto;

Prospectos de vida, respiro fundo
O sonho não morre, mas nem sempre o tenho dito,
Ainda serei dono do meu mundo
Com este poder nas mãos, eu sou um Sol Invicto!

Um velho que contempla a sua sorte,
Jamais contempla a vindoura morte.

domingo, setembro 30, 2012

Gritos que Causam Cefaleia

Abre o peito à dor!
Rasgar a garganta!
Segue o intenso odor!
Da raiva que canta!
Consome-te pelo sofrimento!
Perde a esperança!
Morre com a luz em perecimento!
Chora sobre o sonho que não se alcança!
Desiste de uma vez!
Percorre o ciclo e cai!
Na desgraça que alguém fez!
A maldição, o cancro não sai!

Rebenta na ira do tédio, a felicidade tão longe...
Atira-te do topo de um prédio, cala a cefaleia com a apatia de um monge...
Ora que te salvem, ninguém vem por ti...
Teme que não sintas doçura até chegar o teu fim.

quinta-feira, setembro 27, 2012

Daniela

A história da minha vida
Não podia ser escrita sem ti,
É lavada em lágrima sofrida
A coisa mais bela que já vi,
A coisa mais bela que já fiz
Pintada nos tons do teu carinho,
Que me faz tão mas tão feliz
Tão longe mas nunca sozinho,
Até ao dia em que não abrirei mais os braços
Pois já vais estar a habitar o meu peito,
Fortalecendo crescente os nossos laços
Um romance sem qualquer mácula ou defeito,
É no teu perfume que encontro aconchego
É ao teu lado que sinto que pertenço,
É nos teus lábios que saboreio paz e sossego
É contigo que no meu futuro envelheço,
Nos teus olhos encontro o arquétipo da beleza
Em todo o teu ser eu vejo ondas de encanto,
Que são emanadas pela tua incomparável natureza
E escrevo só um protótipo do que sinto tanto;

16 voltas ao Sol desde que nasceu a perfeição
Que apertarei com tanta paixão contra mim,
Que desenhou na minha vida felicidade e emoção
Completando-me com este amor sem fim...

E muitos mais anos de felicidade virão
Contigo meu doce que me enches o coração

domingo, setembro 09, 2012

Messias Inaudível

Porque não é pregada a morte
Porque não abafa o medo
Porque não é calculada a sorte
Porque o povo dorme cedo

Prega o Messias inaudível
Prega a ordem e a pureza
Prega a utopia incrível
A genialidade da beleza

A harmonia de existir
Que a escumalha teima em não querer
Apenas cedo ir dormir
Pensando acordados no mais sujo do prazer

Na momentaneidade do que é carnal
Vivem no mundo dos sonhos profanos
Alheios à vontade tão essencial
De uma evolução que leva anos

Numa euforia que parece eterna
Na satisfação de um ópio imundo
No Messias inaudível a frustração governa
Lacrimeja a vontade de mudar o mundo

Obsoleto o que tem beleza
Esquecido o que desperta a emoção
E surge então a incerteza
Mereceis tamanha indignação?
Indiferentes à putrescência do vosso coração?

E o que falta é apenas a vontade e não a lei
E na minha humildade e bondade isto sempre direi

segunda-feira, setembro 03, 2012

Zero Absoluto

Sentado na poltrona do passado
Confortável na doçura do recordar
Memórias de um mundo afastado
Que tanta injustiça faz esperar

Sinto que caminho o bosque de gelo
Até ao seu âmago, o zero absoluto
Avanço inevitavelmente sem temê-lo
Mas triste com atitude de luto

Sem luz, sem energia, profundamente
Gélido, pálido, insensível
O quarto mórbido do que é tão demente
Um romance, uma paixão incompreensível

E no tremer insuportável de estar aqui
Sem definhar só sinto saudade e paixão
Tão forte esse encanto que vem de ti
Que no zero absoluto ainda me aquece o coração

E um dia ainda vou estar quente e bem vivo
Depois de atravessar este oceano de tristeza
Este bosque de um sofrimento tão agressivo
E encontrar os teus braços para deleitar-me na existência
Sentir o teu calor a eliminar cada pedaço de gelo em mim
Cumprir todas as promessas e desejos que não são possíveis sem ti

Até já, meu doce

sábado, agosto 25, 2012

Um Círculo (Im)Perfeito

Rastejo a alma num corpo firme
Faço luto à passada sangrenta
Da hora de me conformar e ir-me
Refugiar no círculo que não rebenta

Sempre odiei círculos que simbolizam
A monotonia de escovar no quotidiano
O ridículo modo de vida que idealizam
Hábitos, vícios e cinismo profano

Tão podre, repugnante e imundo
O círculo que insistimos em desenhar
Aniquilando este planeta moribundo
E a nós mesmos inconscientes a flutuar

A flutuar na ilusão da estupidez
Mas que culpa tem quem nunca pôde pensar
Sempre demasiado ocupado vez após vez
Com a noção de valor por organizar

Um círculo não tem início nem fim
Como a vida que muitos insistem em escolher
Pois nunca sabem que já se perderam no jardim
Mais mórbido e funesto que irão conhecer

Fortuna, prazer, fama a qualquer custo
Euforia através de auto-mutilação
Uma sorte de acordar com o magno susto
Quebrar o círculo do ouro e encontrar paixão

Estilhaça o teu inferno
O círculo não tem de ser eterno

quarta-feira, agosto 15, 2012

Último Fôlego

Esta noite eu lamento
O meu infortúnio sem fim
O sistema vil e lento
De morrer miserável assim
No pânico de cada fôlego
Na hipótese de ser o último
A extinção do meu fogo
Sem um momento legítimo
O medo mais primitivo
Que alguns acalmam na estupefaciência
Fé, um opiácio putrefactivo
Uma última falsa esperança da nossa existência
Espero a vida que se revolva num círculo
O desejo inegável da imortalidade
Viro corpo à luz do espectáculo
O teu sorriso que me enche de felicidade
Um alimento imortal da alma
Uma melodia de cristais tão calma
E no fim morrer ao teu lado
Para a minha vida ter significado
Merecer um beijo teu
Na pele fria do meu corpo que morreu

E espero encontrar-te noutra vida

domingo, agosto 05, 2012

Desilusões, frustrações, raiva, desgostos, interesses, e esperar que o Sol nasça outra vez...

A chama voava sobre a epiderme
Mas o coração falha agora os batimentos,
Reduzido a futura casa de verme
Odeio estes tenebrosos ornamentos,
Era uma pauta cheia de luz e vida
Agora genérica e sem nada a exprimir,
Um fustigar de emoção violada e despida
Pela desilusão de te ter visto, há tanto, partir,
Um pulsar de raiva e de frustração
A esperança esquartejada sem piedade,
Preso num quasar de pesadelos em vão
Já nada aprendo com eles, passa a idade,
Tanto egoísmo e tantos interesses
Pois com eles podem bem ir-se foder,
É tanto o desgosto, se tu um pouco soubesses...
Salto a pulsação porque isto nem é viver...

Sou uma cria da desilusão
Mas agora eu sei,
As qualidades e a dimensão
Desta raiva e dor que criei,
E já não posso evitar
Deixo o frio me congelar
Até o teu fogo me apanhar
Sempre cuspi e ainda cuspo no pecado
Resta-me esperar pelo meu nascer do Sol
Contigo ao meu lado...

Porque sem ti... O meu mundo não tem estrela que o ilumine...

E SINTO A MINHA GARGANTA ROUCA EM CHAMAS A RASGAR
QUANDO GRITO: "QUANDO É QUE ESTA MERDA VAI ACABAR?"

domingo, julho 29, 2012

Longe

Bato com a cabeça no templo de Salomão
Cumpro o culto da minha existência
Encontro tudo só não encontro a tua mão
Atravesso o Rubicão do caminho para a demência

Quero fazer o meu fogo chegar ao teu
E criar a mais bela de todas as chamas
Para iluminar esta noite que me escureceu
Mostrar o que sinto quando dizes que me amas

Estes sentimentos são descargas demasiado fortes
Para ficarem presos em palavras tão fracas
Da essência do que quero mostrar, pequenos cortes
Pequenas demonstrações de afecto pouco exactas...

terça-feira, julho 24, 2012

Cristal dentro de ti

Às vezes anuncio derrota
O espírito dança sem vontade
A alma quer estar morta
Vagueia num traço de insanidade

O odor de obter a conclusão
Já enjoa o âmago do meu ser
Existir parece uma obrigação
Um escravo, isto não é viver

E o Universo é tão grande
E ainda há tanto para saber
Neste inferno que se expande
E no que ainda havemos de conhecer

Ser especial não é suficiente
A inteligência é muito vaga
Seja lá o que for deixa-me demente
E a minha fútil vida amarga

A minha fútil vida depressiva
Depressão sem cura alguma
Só ilusão que me deriva
Da consciência e da bruma

Saber muito ou saber nada
Só tem valor à nossa escala
O contrário é uma noção errada
É o conformismo e a ignorância que fala

Somos brinquedos de alguém
E só há duas saídas desta dor
A ilusão de que está tudo bem
Ou o suicídio que te faça o favor

Ou o teu espírito atreve-te a saciar
Com a pureza e o que sentes de verdade
O poder de respeitar, contemplar e amar
Sentir sem auto-enganos essa felicidade

Desde criança que sinto e de algum modo sei
Que nada mais me pode deixar bem
Do que deixar e manter a brilhar
Este cristal que dentro de mim penso estar

quinta-feira, julho 19, 2012

Continuo com saudades tuas...

Faço nascer 2 rios em mim
Para poder descansar em paz
Acalmar esta dor que não tem fim
Que a nós os dois desfaz

Somos como um eterno monumento
Uma marca vigorosa de felicidade
Que dura mais que um momento
Mas desequilibrado pela saudade

As letras já não chegam para nós
Adoecidos somos por esta distância
Só me salva mesmo escutar a tua voz
Remédio viciante que me enche de ânsia

Arde em mim como um incêndio eterno
A vontade te acarinhar o teu ser
Tão intenso no verão como no inverno
Não há água que faça o desejo desaparecer

Agarra-me... Não me largues um segundo...
Ou caio de novo nos meus assombros...
Tu que és e sempre serás o meu mundo
Agarra-me... Ou fico reduzido a escombros...

A dor já é cada vez mais impossível de suportar...
Mas eu nunca te vou largar nem deixar de te amar...
Faz mais de um ano desde que me encantaste...
E muitos mais celebraremos, pois somos à prova de desastre

domingo, julho 15, 2012

O lento processo de desvalorização do poder

Estamos desorientados numa falsa noção
De que o amor pelo poder é tudo
Ser mais que os outros é a visão
Que contamina o nosso mundo
E conhecemos assim a nossa condenação
À miséria e ao tormento mais profundo
O ouro é um desejo inquestionável
A justificação morre com a sua solicitação
Simplesmente raro, simplesmente cobiçável
Todos querem morrer numa dourada ondulação
Uma maré de luxo, uma maré miserável
Uma maré dourada, uma maré de desolação
E vivemos sempre sob a mesma depressão
Sem consciencializar a inutilidade do que é material
Continuamos a comprar sem encontrar satisfação
Somos possuídos pelo que possuímos, dor abissal
E a propaganda hipnotiza-nos através da televisão
Tudo o que não precisamos ter, mas achamos essencial

E quando a revolta crescer e sentirmos evolução
E rasgarmos todo o papel mágico e vomitarmos o cobre cunhado
Formaremos a mais raivosa e louca união
A mudança toca as primeiras notas de um hino agoniado

Já percorremos um longo caminho de ódio e de dor
Já vimos o cataclismo e aqui estamos ninguém nos dirá como
Períodos de caos cíclico e agora auto-induzidos
Como se fossemos de espécies diferentes querendo estabelecer a diferença
Destruindo o mundo, destruindo a nós próprios
Conformismo para com compromissos com que nos amaldiçoam à nascença
Eu não nasci para pagar a dívida de uma nação nem ninguém
Todos nascemos para ser felizes e ninguém tem o poder de nos negar
Faltam uns passos para completarmos esta corda sobre o abismo
Larguemos o passado, deixemo-nos envolver pela nossa evolução

A cobiça morrerá com a delinquência, nascerá a humanidade
Demasiada bondade para dar valor ao que é material
Os frutos do mundo pertencem a toda a existência
Acabam os interesses, o coração humano arde tudo o que é mal
O amor e o respeito serão a nossa essência
Venceremos o nunca visto, o rei lagarto celestial

O império reduz-se a pó... O lugar mais próximo da utopia que alguma vez conheceremos...

terça-feira, julho 10, 2012

Inquisição

A chama arde vermelha
No teu corpo agoniado
A uma estrela se assemelha
Em cinzas o ser, em cinzas o pecado

sábado, julho 07, 2012

Estilhançando o Mundo

O ar paira entre nós sujo e pestilento
Imunda locomoção excessiva e dispensável
Destruímos o planeta e aceleramos esse andamento
Estupidez e inconsciência puramente execrável
Lixo é o tapete que se estende para nós
Felicidade descartável e falta de valorização
Humanidade egoísta que num acto tão atroz
Polui o planeta sem a mínima reflexão
Observa a destruição a nível industrial
O nosso esgoto são as águas que bebemos
A produtividade e lucro num método irracional
É a serventia para todos cedo morrermos
Sentimos já o clima habitual a mudar
O tão conhecido aquecimento global
Tempestades vemos onde não deveriam estar
Mas só paramos na consequência fatal
Cada vez mais perto de estilhaçar o mundo
Numa atitude de desvalorização e auto-desrespeito
Parecemos querer o nosso fim num atraso mental profundo
E só vamos lamentar depois de todo o mal estar feito

terça-feira, julho 03, 2012

O teu encanto

Sou matéria orgânica deambulante
Um corpo, vida sem sentido,
Dor profunda e incessante
Uma locomotiva sem rumo, estou perdido...

Indiferença surge perante glórias
Sou dispensável no meio da multidão,
Não crio nem influencio reais histórias
Só um coração que bombeia inútil vermelhidão...

Mas a frustração de trovador inaudito
Padeceu perante forças mais intensas,
Turvas por injustiças deste mundo maldito
Que percutem no meu peito em rasgadelas imensas...

Sou apaixonado no vácuo da existência
Não se estende aqui luz nem ternura,
A estrela pretendida tem coberta a sua essência
Aqui a carícia não vem a passear a sua doçura,
Mas outrora em mim caiu e deixou saudade
Esse teu encanto que quero para toda a eternidade!

Espero o tempo que passe e que leve as nuvens que te cobrem nesse pódio...

quarta-feira, junho 27, 2012

Amor ao Touro

A criatura corre livre
E na arena já condenada
Exibindo cada chifre
A nossa tradição acobardada

A espada é aplaudida
Expondo vivo sangue
A dor mantém a corrida
Estimulada, que o povo não se zangue

E "olé" saciados gritam
Honrando o sofrimento do touro
À crueldade e cobardia incitam
A coragem de antagonizar é ouro

Largai os touros sobre a escumalha
Sintam o sofrimento de anos
Falsa noção de valor se encalha
Execráveis perdidos ignóbeis tiranos

É triste e é real
Chamada valiosa tradição
Chamado amor ao animal
A nossa podridão espiritual
Um renegar da evolução
Uma cega sede de sangue de estupidez abissal

quarta-feira, junho 13, 2012

Um Astro a Morrer

E somos um astro envelhecido
Bombardeado com irónicas desilusões
Consequência de ser parte da vida
Pressionado para a mais fantástica das explosões

E frustrados reprimimos tudo
E crescemos em forma de tumor
E vendo o tempo passar malevolente e mudo
Esperamos o limite de nós para o fulgor

(A explosão que há de vir... Quando a insanidade surgir)

Perdidos na loucura
É a morte da estrela
A explosão que perdura
E nunca vou mais vou vê-la

O tempo não perdoa e até mesmo acaba
Sem prometer renascer e então nós
Enquanto o mundo lentamente desaba
Percebe quem ainda não percebeu, a existência é atroz

Procura a felicidade e encontra dor
Uma longa fila de espera inútil
Ou explode, sente o insano odor
O perfume de ultrapassar tudo o que é fútil

De propósito ineficazmente sistematizado
Porque é hipócrita a preocupação
Por um mundo feliz e saciado
Interessa enriquecer os príncipes da nação

E a nossa felicidade e consequente desilusão?
Somos um Universo tão colossal
E ao mesmo tempo um mísero electrão
De um ser superior de outra orbital
Somos nada mais que nada e sem saber tratados somos como tal

E a nossa felicidade só pode surgir imaterial
E triste é aquele que vê longe o que não é uma ambição tão excêntrica e descomunal
O único lugar onde poderia ser feliz e que o dinheiro não pode comprar
Os braços de quem promete uma vida inteira retribuir o seu amar...

O astro rebenta com toda a sua emoção
Grita catarticamente a sua esperança mutilada
Mas ninguém ouve a sua violenta explosão
Transforma-se e vê que é pouco mais que nada

terça-feira, maio 29, 2012

Spiritual Retreat

Search in yourself
Introspection, find the answers
Hide yourself from this decaying world
Isolate in the woods
Find peace of soul
Burn with resolve
For salvation and sanity
So fragile, so bright
A bright world outside
But rotting soil beyond
Rotting skyes, th smell of death
Impurity on society's core
Cancer in the air
And the atmosphere is equal everywhere
I'm here, I'm dying
I'm running away
But each day I'm closer to the venom...
Follow the patterns
I hide my self alone
And I know and it hurts to know
Looking into this hopeless world
Someday we'll even crush the stars...

sábado, maio 19, 2012

Caído num planeta Moribundo

Só senti a colisão na Terra
Reconheci-a pelo cheiro a morte
Vim da utopia onde a perfeiçao se encerra
Mas acabou-se aqui a minha sorte

Como luxo vi a felicidade e prazer
Tal contava-se como lenda no meu mundo
Este é um lugar onde a miséria e o sofrer
Se encontra num nível tão profundo

Vejo as pessoas roer a carne dos ossos
Numa procura pela mais ínfima alegria
Procura de contentamento em destroços
Um motivo para desperdiçar oxigénio mais um dia

E são tantos os tumores que aqui se erguem
E os que têm as unhas sujas de ouro
São os que este antro de miséria regem
E tal Europa Medieval me olham mouro

Um selvagem vindo de outro mundo
Dotado de uma filosofia tão superior
Permitam-me a arrogância planeta moribundo
Mas este é um lago imundo de puro horror

quarta-feira, maio 16, 2012

Tenho saudades tuas...

Esses poderosos não cegantes raios de sol
Que são o teu o brilho que trascende a ciência
Sinto falta deles e assim passo fraco e mole
Envolvem-me de saudade, desejo e carência

É um vício delicioso e tão saudável
Um abrigo e conforto que encontro nos teus braços
Uma troca de energia sincera e tão amável
Um repertório de carinho e de amassos

E passo a tarde quente e seca de Maio
Com o teu ser aprisionado no meu pensamento
E em recordações sinto o teu toque de soslaio
E só me dá mais saudade, desejo e sofrimento

Mas eu sei que nunca estou sozinho
Pois mesmo nesta embarcação distante
Ainda consigo sentir-te um bom bocadinho
E a minha vida torna-se perfeita e jubilante

Um dia tudo isto passará como um pesadelo
Os meus instintos e paixão conduzir-me-ão para ti
Vivo o trajecto da minha vida sem temê-lo
Pois sei que terei o teu olhar mesmo aqui

O teu olhar e toda a graça da tua criatura
Esse lindo recipiente que trasporta a tua alma
Igualmente linda tão graciosa e pura
Que ao sentir perto de mim tanto me encanta e acalma

Eu tenho tantas, mas tantas saudades tuas
E espero o dia em que as nossas almas não sejam duas
Mas uma só... Perdidas por completo...
Perdidas por completo na felicidade e afecto!

terça-feira, maio 15, 2012

Foothold Trap

Inside my being resides
The emptiness and desolation
Attacking from all sides
Soul gone dark destination

I've been here for days
Trying to escape my life
But now I'm unable to run away
Felt it like a stabbing knife

Lost my foot I'm shouting pain
Crawling this belligerent land
Choking slowly with the rain
Blood and dirt in my hands

Trapped prisoner in the floor
Lost here and never found my way out
Delight and joy I will meet no more
No-one will find me the louder I shout

Foothold trap for a human being
Suffering like a damned creature
Maybe revenge for thousands dying
But what I've ever done to nature

Innocent animal laying on the floor
Tasting the cruelty of my heartless kind

Forgive me...

The Screaming Curse

Time for isolation
Harvest your pain
Suffer until submission
Time to get insane

Sorrow until death
Run away from delight
It's simple math
That fits in you just right

Meet the ghost brigade
Haunting you for effect
Hear their tenebrous serenade
Or yourself you must reject

You're nothing, nothing more
Than a rotting heart full of wounds
Feeling pain from soul to core
Asking you demons where may smiles be found
Where your curse shall make no sound

quinta-feira, maio 10, 2012

A Sun Crushing Into You

I'm a sun crushing into you
I'm a mouth swallowing mankind
I'm the sorrow and you have no clue
I'm departing you from joy that I'm unable to find
I'm the one who steals all the light
I'm the screams you wish you could silence
I'm the chaos that even I can't fight
I'm the death you must accept without defiance
I'm the hatred that rises with no end
I'm the tears that crush into the floor
I'm the mistakes that even I can't emend
And I'm killing myself until I raise no more

Caminho sem significado

Só um homem que se arrasta
Nocturnamente por entre floresta
Que não finda, e grita "basta!"
Com a pouca força que me resta

Grito de sofrimento lhe alcança
Ecos da sua própria voz

É difícil ter esperança
Quando se está a sós

O frio já é insuportável
Só quer os braços dela...
Onde deixou de ser notável
A dor desta colossal cela...

Esta colossal cela onde a dor ecoa
Sem significado este Universo
E só uma única, uma única pessoa
Pode pôr o meu mundo inverso

Este mundo parece ter sido feito
Para nos consumir a alma e destruir-nos
Fecha-nos com o pior destino eleito
Submete-nos ao horror até ruirmos

E nós estamos a cair com morte marcada
E nesse queda assombrados vivemos
Uma vida sem sentido e destronada
Por uma brigada que nos castiga por algo que nunca fizemos!

E ficam a ver
Eu a tentar fugir...
Sem me avisar que não há saída
Mas eu sou louco e não paro...
Por mais veneno de melancolia
Que o meu coração bombeie...
E sou só um homem...

E quem vai pagar
Quando eu os derrotar?
Mesmo sendo só um homem...

Putrefacto... Triste...

Já não resta tecido
Que proteja este coração
Já está tudo apodrecido
Já nada esconde a desilusão

Este coração podre está
Desapareceram as suas vestes
E um dia até ele desaparecerá
Para que nunca mais se moleste

Quer gritar mas não tem força
Arrasta-se com dor e grunhe
Tem a resistência de louça
Sem espaço para que mais uma maldição nele se cunhe

É de um vívido caos iminente
Que ele está tão, tão farto...
Um mundo de sofrimento que ele sente
Morre a esperança após o seu parto

Tudo está mal e errado
Um par perfeito dividido por montanhas
O único astro importante está tapado
Dói da alma às entranhas...

E quando é que essa nuvem sai do céu
E quando é que essa montanha desaparece
E quando é que dessa perfeição cai o véu
E quando é que se apaga esta dor que em mim padece

E só pergunto porque tem de ser assim...

quinta-feira, maio 03, 2012

Momento de Fraqueza II

Momento de Fraqueza II

E nasce o ódio nas minhas mãos
Onde padece esse maldito crânio
Que protege o cérebro da desilusão
Canceroso como exposto a urânio

E para as minhas mãos olho com raiva
Com raiva e com nojo da ossada
Vou destruí-la com força de saraiva
Ver o cérebro rebentar e mais nada

De quem é este cérebro, surge a questão
Não é de ninguém, eu sei que é estranho
Mas não é mais que fruto da minha imaginação
Algo para culpar, porque mais nada tenho

Algo para dizer que me destronou
E com tinta me tatuou injustiça
Uma maldição com que me derrobou
Quase como num acto de imatura cobiça

E eu queria tanto chegar àquela estrela
A minha estrutura e massa é perfeita para a colisão
Mas com esta praga... nem vê-la...
Bombeia sangue a fracas golfadas o meu coração

E eu que nem nunca fiz nada de mal
Aperto com força este crânio nojento
Mas logo me lembro que ele é irreal
Quem pagará por este sofrimento?

E morre o ódio para dar lugar à desilusão...

quinta-feira, abril 26, 2012

Falling into decay

My world keeps falling into decay
I wish I could tell you something
But there's nothing left for me to say, now...
I'm dying with everyone around me
But what's the point of waiting for death
If your eyes I cannot see...

I wish could ask you
If you could save me
And close me...
In your silent sweet gates of joy

Have mercy of me
I regret my failures
Take my poor hand
And drive me to joy
I beg you...

I lay on the floor completely forsaken
Broken bottle of wine mixed with my tears
Without you I lose myself in decadence and isolaton
Please come and save me, I beg you...

I can barely breath
If you're not beside me
Lies the darkness
In the place where you should be

Come and bring that light with you
I beg you, have mercy of me
Come and let me see your angel smile
I beg you, I need the heart of thee

My world keeps falling into decay
I wish I could tell you something
But there's nothing left for me to say, now...
Dying so slowly I wish you could be near...
But what's the point of waiting for death
If your voice I cannot hear...

My world keeps falling into decay
And I'm begging you just one more time
Please come and save me in my darkest day... now...

segunda-feira, abril 23, 2012

O céu brilhará para nós!

Canto lamentações
Cala-me, imploro-te
Afogo-me em emoções
Dá-me a tua mão, eu imploro-te...

Perdidos no Universo
Tão longínqua distância
O meu céu nocturno em nuvens imerso
O brilho das estrelas não me alcança

Mas eu só preciso de ver uma estrela
Tu...
A toda hora, quem me dera vê-la...
Tu...

Perdidos no Universo
A cair no profundo oblívio
À deriva em verso
Procuro a tua luz para meu alívio

É doloroso, sofremos cada dia
Eu sei, vivemos uma distância atroz
E mesmo mergulhados em melancolia...
Eu prometo, um dia o céu brilhará para nós!

sexta-feira, abril 20, 2012

Nos teus olhos...

Sempre me senti tão inadequado
Sempre senti que não pertencia aqui
Sempre me senti tão condenado
Mas o meu ser libertou-se no olhar de ti

Este mundo sempre me pareceu tão sujo
Sempre me deu vontade de o esmagar na minha mão
Sempre me questionei quando daqui fujo
Mas o olhar de ti deu-me a salvação

Nos olhos do mundo sou impuro e louco
Mas nos teus olhos isso são meshugas
Se sou louco é por ti e não é pouco
No olhar de ti sorrio até ganhar rugas

E nos teus olhos encontro a beleza
Assim como em todo o teu rosto
Que me salvaste tenho a certeza
Aproximava-me da hipotermia neste lago de desgosto

Perdido numa noite fria na floresta
No brilho dos teus olhos encontrei a saída
Perdido na decadência julgando que nada me resta
Com o brilho dos teus olhos sarei a ferida

Nos teus olhos torna-se de novo carne o meu coração
Quando pensara ser uma pedra que se agita
Nos teu olhar encontrei a razão de viver, a paixão
Em mim a felicidade, tão mas tão alto grita!

segunda-feira, abril 16, 2012

Congelado

Agarra-me
Eu estou a cair
Pára-me
Porque estás a sorrir?
O teu sorriso incendeia
Estou a arder
E mesmo nesta noite fria de lua cheia
O lago vai derreter
Não vês que paraliso com a tua graça
Não vás que sem ti o frio se desenlaça
Não consigo ir embora
Com esses olhos brilhando a toda a hora

Por favor o lago está a derreter
Tira-me daqui ou vou morrer...
Estou a cair não vás...
Vou morrer volta para trás
Porque me deixas aqui?
Não sobrevivo sem ti...
Volta...
Agarra-me...
Não me deixes congelar...

E de repente... Apercebo-me que não existes...
E o mais curioso... nem eu...

sexta-feira, abril 13, 2012

As lágrimas e as gargalhadas

Ronca o vazio estômago
Dói a conjuntura de doenças
Tão doente quanto o âmago
Da sociedade e as suas crenças

As lágrimas são esmagadas
Com a ponta dos dedos
Como as pessoas roubadas
Vivendo repletas de medos

É tão grande a desgraça
É tão grande a melancolia
Não há nada que se faça
Que mude o pão nosso de cada dia

A raiva dói até ao limite do eu
Um futuro desenhado... sonhos
E tirando o que é meu e teu
Ali estão eles tão risonhos

Saboreia a tristeza
Prova a miséria
Oh dor minha alteza
Não me submetas à histéria
Que mais me parece ser
A única saída
Mas e se sair onde vou ter...
A sina não pode ser lida...

As gargalhadas fazem o meu castelo de cartas desmoronar
Prospectos do meu futuro onde minhas lágrimas irão aterrar
E não sendo o único, só resta lutar...
Mas quem se atreve?

Aponta a espada aos aldrabões
Larga a seta para os teus pesadelos
Levanta o escudo nas ilusões
Aniquila os bastardos sem temê-los

domingo, abril 08, 2012

E a distância cerca-me de chamas

A labareda cresce
O vento é a distância
A linha do sorriso desce
E tanta é a ânsia

Coração tão cheio
E ao mesmo tempo tão vazio
É amor com saudade em recheio
Um veneno que me mata de frio

E o antídoto único esse
É o som do teu beijo
E se eu agora morresse
Seria o meu último desejo

Porque é como se as chamas
Se aproximassem de mim nefastas
Como numa das alucinações mais insanas
À medida que te afastas

É tanto, mas tanto o querer
E tu sentes tanto quanto eu
De nos meus braços te ter
Onde a nossa dor morreu

És a minha luz
E és a minha perdição
És a força que me seduz
E que me derrete o coração

E a única chama que me atiças
É a do teu sincero amor
Que mesmo contaminado de injustiças
É remédio para esta dor

Este mundo é monocromático
E até mesmo unissonante
É mórbido e sistemático
Quando tu estás distante

Um prémio para mim é o teu lindo sorriso
Que me dá força para um novo dia
Que na loucura da saudade me dá um pouco de juízo
Oh tu, que és o astro que me guia...
Oh tu, que és a menina dos meus olhos
Oh tu... que eu amo...

E que me destruas
Se não te fizer feliz

domingo, março 25, 2012

Chessboard

Playing chess with us, the so-called mankind
Submitting us to slavery, and so many lies were told
Claiming the world as theirs, nailing it to our mind
Blinding us so perversely, with the glow of their gold,
A tired and sick man shouting, he have had enough
A dead man laying, and rotting on the floor
We're all equal, we're all the same, yet some treated so rough
It's so putrid, it's so disgusting, what is in the society core
What is authority? What is justice?
What is the right to make rules?
Demons, with such dark malice
Filters of happiness... Turning us into tools...

segunda-feira, março 19, 2012

Sismo de Honra

Sismo de Honra

Venho descendo cansado do alto monte
Em anos gastos escravizado me libertei
Que me valeu isso deixa que te conte
Morte ceifou-me, na rebelião me queimei

O conde de ouro é dono da propriedade
Pegou-a com as suas mãos e abanou-a
Sou nada, um caco de desprezável humildade
Com caos a minha existência, encantou-a

Fraco, a terra racha-se nos meus pés
Uma garganta fraca que falou alto
Purgo a dita insolência, perdi as fés
À espera de cair num involuntário salto

O meu corpo impotente voa com o tremer
O monte atira-me violentamente para o sopé
Sinto a velocidade de eu, que sou nada, crescer
Sinto o sabor da terra e do sangue até

Lembro o primeiro osso rachar e mesmo a dor
Depois morro um nada como nada que fui e vivi
Não sintam pena de mim ou sequer algum horror
Porque foi por ser um péssimo nada que eu tragicamente morri

sábado, março 10, 2012

Recebe aquela que segura a espada

Recebe aquela que segura a espada

Não deixes que o escudo te proteja
Da espada que vem cheia de paixão
Que penetre em ti onde quer que seja
A magia chegará sempre ao teu coração

Deixa-te dominar por essa coisa mais pura
A espada trespassa-te mas não há qualquer dor
Se ela em vier em verdade descansa que dura
É a felicidade proveniente do amor

Agora deixa que ela caminhe na tua direcção
Recebe-a nos teus braços e deixa-te possuir
Beija-a, acarinha-a, abre o teu coração
Levanta agora o escudo, que nada vos possa destruir

No meio do caos, que a paixão não morra

sexta-feira, março 02, 2012

A Verdade

A Verdade

Eles vêm em bandos de uma cripta
Com a sua aparência angelical, formal e aterradora
Eles são uma horda sempre invicta
Deste circuito de almas processadora

A alma que foi um termo introduzido
Por essa espécie isenta de emoção
À salvação dela somos induzidos
Mas nesse caminho encontramos a perdição

Quem não se dirige para essa perdição
É conduzido para o lado oposto da estrada
Em ambas as bermas a palavra compaixão
Provém de um língua morta ainda não decifrada

Solução fácil, colocar-se no meio
Mas é na estrada que passa o tráfico
Ama, sê feliz, não tenhas receio
Só um carro que te faça óbito em termo demográfico

O rosto dessa horda de criaturas é humano
A expressão é desumanamente fria
E todos agem de acordo com o plano
Onde consta também como nos aniquilaria

E são mestres musicais que uma crise compuseram
Abandonam as criptas voando pálidos sem expressão
E uma mensagem de miséria com eles trouxeram
Ordenando a nossa dolorosa e lenta execução

Quem nunca soube o que é perder
Provará isso mesmo o quanto antes
Perder-se à si mesmo com muito sofrer
Perante tais criaturas possantes

O porquê ninguém se digna a perguntar
E quem perguntasse não tem como obter resposta
Nem tem poder para a poder procurar
E se a encontrasse, do que vê não gosta

E no fundo são ornamentos essenciais
A procura por algo doce para a mente
Uma maneira de escapar a estes festivais
De carnificina lenta, mas só ilusoriamente

Um banho de luxo no sangue da nação
A fome e loucura é tanta, canibalismo
Já nem sentem dor, já estão sem coração
E as criaturas odiáveis observam o cataclismo

A pergunta do porquê não me larga
Iludem com aparência de anjo mas a mente é psicopata
E em anos de procura encontrei uma resposta amarga
Passo a revelar: Há anos que...

E oiço o som do meu próprio corpo a cair ao chão...

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

O Polvo

O Polvo

8 tentáculos colossais fazem a besta
As ventosas sugam-nos na inconsciência
Conta o ancião como era pequeno numa cesta
Hoje nos destrói colocando-nos numa incoerência
Sociedade cancerígena portadora de deficiência

Uma incoerência que não nos parece tão grave
Devido às bojardas de entretenimento hipnotizante
Para nosso adormecimento elas são a chave
E esse é só um dos tentáculos, e já é bastante
Alguns dormem por pouco, mas são sonâmbulos nunca obstante

O segundo tentáculo nos sufoca com divisão
Somos todos diferentes, mas somos todos iguais
Depois da diferença perco a compreensão
Dever ainda é conjugado no imperativo aos demais
E conjugador porque ao nosso nível não cais?

O terceiro tentáculo é não mais que um chicote
Que nos obriga a servir nos encantos da liberdade
A liberdade é um museu, uma mulher com grande decote
Para onde todos olham, mas a inexistência de vontade
Marca a diferença entre o necessário e a sensualidade

O quarto tentáculo é o braço de Deus
Que com a sua mão poderosa nos aperta e nos sufoca
A pregação de compaixão e entreajuda, pondo de parte ateus
É gritada da mais cheia mina de ouro, e é aí que choca
A casa de putas que é o vaticano, que nos dá em troca?
(tirando palavras de amor, que mais criaram do que sararam dor)
Porque todos estão mais preocupados em encontrar a salvação
Do que encher da mais pura e imaterial riqueza o seu coração

E aí o quinto tentáculo me deixa sem respirar
A crise moral que é só mais um elemento da destruição
Ou se esfregam no varão do hedonismo para se libertar
Ou condenam tudo o que desbanaliza a vida sem emoção
Um abuso dá origem a outro e perde-se a louvada razão

E o sexto tentáculo como um persa lânguido relaxa
Estamos tão habituados a auto-proclamar-nos racionais
Que por vezes esquecemo-nos de o ser e a relíquia se racha
E dessa racha saí uma gota e outra, e de novo somos iguais
Estado natural da criatura, seres humanos e animais
(E aí aplicas a gota de cola para a relíquia susteres
E dás conta que somos inferiores ao outros seres)
Ou pelo menos é o que damos por vezes a entender

O sétimo tentáculo é o exército de fato e gravata
Com essas batinas dizem fazer o melhor por nós
Fazem-nos parecer que a sua vida é bastante chata
Para nos afastarmos do seu jogo de dominío atroz
Apelam liberdade e igualdade, como ginástica de voz
São os maestros que as mais belas peças de crise orquestram
Com legatos de ameaça e com staccatos de obrigações nos empestam

Ao oitavo sinto menos vontade de escrever
As ventosas sugam a paciência e paixão
O valor e gosto substituí-se por efémero prazer
A cultura é instantânea e de fácil apreciação
A cultura não é cultura é apodrecimento da multidão

E tantos polvos há, como tantas estrelas há no céu
Segue o teu coração, não o fazer é uma absurdidade
Procura a tua estrela, não o fazer é vestires um véu
Despe-o, olha para a estrela, ama-a, encontra a felicidade!

Antes que o polvo mutile os teus sonhos
Mutila os seus tentáculos

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Nunca...

Deixar toda a esperança que resta para trás
Admitir num auto-engano que que a nódoa não sai
Que uma perturbação frontal num clima de paz
A destrói num jogo com o diabo, nosso Pai

A fome, o desespero e a miséria
São um direito e um dever
Num pesadelo da realidade entra em histéria
Incapaz, como tantos, de compreender

Porquê dever?!
A quem devo?!
Vão-se f**er!
Não sou um servo!

O que é uma oportunidade?
Um sonho, uma paisagem além
Vista das asas de um anjo na ociosidade
Com a qual ninguém pode viver sem

E essa é a razão porque nunca vamos morrer..

Como podem morrer os mortos?
Diga-se de passagem, a morte já morreu
Os nascimentos são semelhantes aos abortos
E louco que me sinto vivo, sou eu!

Corro através das florestas negras da cidade
As pessoas atraídas pelo lixo olham nos seus olhos
E nos olhos da imundície vêem a oportunidade
E eu olho nos olhos dessas pessoas vejo mortos aos molhos!

E vão todos para casa ter relações sexuais
Alguns fazem-no na insegurança da rua
Vão todos felizes, alguns ser mães e pais
E vem o dever e ausência de bem-estar, respondem-lhes, a culpa é sua!

O que é o bem-estar afinal?
O bem-estar é quando o destino das crianças
Ainda não está na percussão da sinfonia do mal
Onde descansam as puras, merecidas esperanças...

E o bem-estar está no descanso, prazer e amor
Mas os que não querem saber do último
Perdem os dois primeiros, a esse anterior
Já perdidos na procura egocêntrica pelo penúltimo

E assim morrem...
E assim não sofrem devidamente...
Injectam a heróina...
E vão-se embora prematuramente...
Porque viver é sofrer
Assim me dão a entender
Pelos menos os mortos ou moribundos menos o fazem
Correndo para o fim para que não se atrasem
Mas como podem chegar atrasados se não têm para onde ir?
Não desejam a própria corrida poder usufruir...

E eu bem vivo...
Sofro e beijo a plenitude...
Caio e levanto-me...
Amo para viver
Viver é amar
Se estás moribundo apaixona-te
E ao cume da felicdade estarás a chegar


Deixa a esperança para trás
Morre e sê escravo do mundo com o mundo
Ignora amor, solidariedade e paz
Prosperidade da indústria, importante a cada segundo...

...Nunca...

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Admite que é um Pântano...

Admite que é um Pântano

Admite, nós estamos presos
No mais tenebroso pântano,
Há os que fazem por sair ilesos
Outros gostam e cantam-no,

É um controlo para toda a vida
E só aqueles que tentam sair,
Sabem que não há qualquer saída
É o desespero, esse, a rir...

É aqui que todos querem ver
O sangue a fluir vindo de fora,
De onde estão aqueles a gemer
A sofrer ou sem esperar pela hora...

E metem esse sangue derramado
Num caldeirão preparando então,
Para o nosso povo deliciado
Uma nobre e repugnante refeição,

Porque só interessa quando há sangue
Admite mas não demasiado alto...
Não queiras que a mass media se zangue!
E te apunhale discretamente no asfalto!

E dão, claro, o teu corpo a todos...
Àqueles que simplesmente não te conhecem
Fazendo de ti parte dos engodos,
E até aos que te amam e desconhecem... uh...

Desconhecem que mais não comem
Senão o vício da sociedade,
Sem saber que é o cancro do Homem
Presente em todos sem distinção de idade,

Porque mal a criança tem vida
Já os doentes pais lhe passam a infecção,
A infecção vista, ouvida, lida
E já o vicío faz querer mais sem razão,

E todos amamos isto, admitam!
Ainda que digam sentir tanta pena,
A doença estimulada por um soslaio de perversão
Dá-vos prazer ao ver sangrenta cena,

E nós dizemos: "Que horror!"
E pensamos: "Antes ele que eu..."
E gritamos: "Acabem com o culpado estupor!"
E idealizamos: "Como esta notícia me enriqueceu..."

E enriqueceu porque agora tenho cultura
Digo, algo interessante para discutir,
Os habitantes do pântano, nesta vida dura
Escavamos a mina do mal para sorrir!

E porque é que não há quimioterapia?
Porque tão doce é o câncro que temos,
À procura da desgraça a cada dia
Na televisão ou no jornal que lemos,

"A cura para o vício do mal chegou!"
E viramos a página com tanta sede,
"Violou-a e de seguida a matou!"
E sorridentes temos um orgasmo na rede,

E presos na rede do pântano
Gememos nós com tanto prazer,
Uns querem sair outros cantam-no
E lá fora a sangrar para nós, uns a sofrer...

Dentro do pântano, com tanto lodo,
A maldade sincera se atenua
"Segurança" e degredo num todo,
Debaixo de cada sol e de cada lua!

Só uns nem estão fora nem dentro... uh...
Aqueles que fizeram este e o outro mundo além!
Tento saber quem são, mas com algo me desconcentro,
Um televisor que grita a miséria de alguém!

E eu nem quero nada disto...
Mas eu sei que tanto preciso
Para sentir que estou vivo ou que insisto,
Que sou algo contente com um sorriso!

Quando era criança recebi um brinquedo
Esse brinquedo foi um televisor,
Que também recebeu algo, e tenham medo
Foi o poder de me dar prazer partilhando horror...

Mas não fui um só
A consciência surgiu,
Desatou-se o nó
A máscara caiu,
E sabendo o que fizeram sem dó
A minha ilusão ruiu,
E irreconstruível está
Sou dono do câncro e da certeza,
Sabendo que a ferida nunca sarará
Porque desta pantanosa realeza,
Saída nunca se encontrará
Porque para lá deste muro,
Está a miséria que nos alimenta
E eu e todos os que sabem,
Preferiam ter-se mantido no escuro
E é hora de voltar para tradição sangrenta...


E porque não admitimos todos em conjunto!
Queremos sugar as informaçóes de mais um defunto!


"Ele sempre teve algo a dizer, teve a dizer... que nunca nada teve a dizer... na verdade que tinha a dizer, não sei bem que tinha dizer, algo a dizer tinha, nunca nada a dizer, sempre algo... mas o que interessa é que ele morreu, é o que interessa... agora suguem o que interessa meus vermes! Terá que durar uma semana... até arranjarmos outro sortudo..."

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Efeito Morte: O Piano de Cauda

Efeito Morte: O Piano de Cauda


Interlúdio da tua morte:

O piano de cauda do azar
Cai sobre o teu ser,
Com o intuito de matar
Sentes o efeito de morrer...

Um efeito tão veloz
Uma dor não sentida,
Sem tempo para colocar a voz
A tua alma já de partida...


Equipamento forense:

A câmara super-lenta
Que é propriedade da minha imaginação,
Descreve o quanto tenta
A tua terminação...


Análise do teu infortúnio microsegundo a microsegundo:

Então, sentes a madeira polida
Fria, caindo sobre a tua cabeça,
És derrubado pela sua caída
Sem esperar que mais aconteça,

Sentes a carne e ossada premida
Na rudeza do solo,
Percebes que chegou o fim da tua vida
Pedes que Deus te leve no seu colo,

Então, a carne foge para onde pode
Mas tu já nem dás conta,
Tarde, nunca houve tempo, ninguém te acode
Flashback, o passado se remonta...

O teu crânio cede...
Transmigração da alma!
Não tarda o corpo fede
Mas já não é teu, calma...

Agora só carne e ossada
Da forma mais melódica,
A tua estrutura esmagada
Fim da tua vida monocórdica,

Questão:

O fim de uma vida amada
Ou uma fuga há muito esperada?


A mitologia e a realidade:

Para onde o espírito vai?
Será que ele sequer existe
Mas já é tarde para perguntas, cessai
Acabem com os: "Deus porque assim decidiste?!"

Será Ouroborus verdade?
Mas afinal para quê crer,
Encara a realidade,
É algo que nunca se irá saber!


O que tu preferes neglenciar:

O efeito morte não é só teu,
Nem é só das criaturas
É deste mundo que tanto deu (roubámos)
Adoecemos isto e fracas são as curas...

Mas quem quer curar o mundo?
Amam ganância e riqueza,
Mas depois do efeito morte, isso tudo...
Qual o valor da realeza?


Conclusão indesejada:

Morre contemplando o mundo a morrer,
A morrer para a vida,
Porque que se o queres matar és o primeiro a perecer
Não tens poder, é outra coisa parecida...


Outro:

Que nem estupidez descreve bem...

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Alma Gémea

Alma Gémea

Quase sempre me senti sem a luz para poder ver
A felicidade que se deitava num quarto sem janela,
Quarto no qual eu estava também sem me mover
E eu tanto desejava uma janela para me atirar dela,
E desejava também que altitude fosse a suficiente
Para me libertar deste mundo que me parece tão deficiente;

Quase sempre me senti sem o calor para poder derreter
A felicidade que estava congelada num quarto sem porta,
Quarto no qual eu estava também, a viver para morrer
E tanto queria escapar deste lugar que me desconforta,
Desejando que para lá da porta encontrasse transporte
Que me transportasse deste mundo atropelando-me até à morte;

Descrevi no escuro mesmo sem ver o que escrevia
Toda a dor que esta solidão antes me trazia,
Felizmente acordei deste pesadelo de vida
Quando tu me apareceste para me sarar esta ferida!

Tu não me deste uma janela porque tu por ti já iluminas
E fizeste-me encontrar a tão doce, doce felicidade,
E sendo um astro irradiaste o calor, nem imaginas...
Mas removeste o gelo para que a tivesse para a eternidade!

Não me deste a porta para sair desse quarto maldito,
Tiraste-me de lá e ajudaste-me a destrui-lo!
Não me deste transporte para me matar mas para ir a um lugar bonito,
E agarrado a ti ficamos os dois a usufrui-lo!

Mas caiu do teu bolso um bilhete de regresso,
Um regresso que também não querias que acontecesse,
E para me despedir de ti, raios não me apresso!
Distância... que adamastor de bem-estar esse...

Mas do meu coração não sais nunca mais isso é facto
Porque completas o meu ser num encaixe exacto,
"Alma gémea" dá-me o prazer de eternamente te chamar,
Assim como de eternamente, tanto mas tanto te amar!

terça-feira, janeiro 10, 2012

Exaltação da Originalidade

Exaltação da Originalidade

Fazem a exaltação do valor do que dizem ser original
No auditório da profunda e pútrida hipocrisia,
Eles dizem saber o que está bem e o que está mal
Numa gigante ilha de palavras que eu nunca lia,

E quando eu li e dei conta do tamanho da ilha,
Dei conta que não era mais que um aterro no mar
Lixo de falsos valores, falsas intenções em pilha
E dei conta que crescia e parecia não findar;

E depois os profetas da originalidade gozaram
Os que não seguem a sua igualdade contraditória,
Que eles são os grandes mestres, eles relembraram
Eles são os messias desta época da história!

E eu ofendido pelo seu desgravável sacramento
Peguei num punhal e apontei-o para mim,
Digo o seu cabo, e procedi ao apunhalamento
Dos ociosos profetas lânguidos num jardim!

E todas as flores pareciam rosas vermelhas
Pois sangraram dolorosa e incontrolavelmente,
Banhado de sangue a todos te assemelhas
É uma nova moda "original", tão diferente...

Deixem os punhais fazer,
O que melhor fazem!

"Mantém-te original" é a frase da geração...
Que despreza a diferença indiferente!
"Mantém-te calado" é o que diz o meu coração,
O respeito é mais valioso do que um juízo que mente

Que apodreçam os cadáveres desses merdas no meio da rua!
Mas eu prefiro não matar esses mestres desgraçados
Preferiria fazê-los dizerem-se: "tu sabes que a culpa é tua..."
Depois de os deixar completamente acabados:

«Eles com os olhos cerrados
Para o sol os apontei
Agarrando as suas cabeças, preocupados
Que abrissem os olhos eu ordenei!
"ABRAM OS OLHOS!" fizeram-no alarmados»
E assim os cabrões e putas ceguei!
Nunca mais saberão o que é ser original!
Nunca mais saberão o que está bem ou mal!
Nunca mais poderão julgar!
Nunca mais poderão observar!
Nunca mais poderão maldizer!
Pois já só podem ver...
Os corações...

E a falta de noção,
De que são todos iguais,
Trascende a minha compreensão
E o desrespeito pelos demais,
Quando dizem estar carregados de tolerância;
Apenas faz revelar que só levam consigo ignorância...
E eu que não exalto a originalidade...
Porque não apupo a sua repreensível irmandade?

A resposta é demasiado arrogante para ser entendida...

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Eu devo...

Eu devo...

Eu devo aceitar inquestionavelmente
As ordens dos que estão acima de mim,
E dizem que sou igual a toda a gente
Será possível aceitar isso assim?

Tenho de aceitar isso assim claro,
Se quero ser alguém neste mundo
Ter uma vida de ser humano raro,
É coisa de de mendigo imundo

Eu devo consumir o que todos consomem
Para parecer melhor, para ser melhor,
Ser um modelo para todo o Homem
E se não gostar do que vejo em meu redor?

Se não gostar do vejo em meu redor
Sou um labrego com péssimo gosto,
Associam a mim matéria fecal e suor
A casa dos monstros é o meu posto;

Eu devo aceitar o que conta a História
Não questionar quando os ditos "factos",
Roçam no ridículo, ou então sou escória
Deixo os sábios com a sua sabedoria intactos...

Ou então sou humilhado pelo rebanho,
Eles são mais do que eu, que posso fazer?
Serei sempre o alienado e o estranho,
Que posso fazer? É calar e comer...

Eu devo aceitar que não posso criar
Isso é luxo dos que dizem que devo fazer,
Eu sou demasiado classe baixa para inventar
Podes não acreditar, mas vê para crer,

E se continuar a insistir em criar
Caio no mais profundo e negro oblívio.
Sem nunca sequer ter chegado a prosperar
Sobrevivendo insistência, devo respirar de alívio;

Mas se me perguntarem que acho que devo fazer,
Acho que devo agarrar num punhado de pedras
E atirá-las à cabeça dos que criaram as regras,
Haverão de saber essas gosmas o que é sofrer!