domingo, julho 29, 2012

Longe

Bato com a cabeça no templo de Salomão
Cumpro o culto da minha existência
Encontro tudo só não encontro a tua mão
Atravesso o Rubicão do caminho para a demência

Quero fazer o meu fogo chegar ao teu
E criar a mais bela de todas as chamas
Para iluminar esta noite que me escureceu
Mostrar o que sinto quando dizes que me amas

Estes sentimentos são descargas demasiado fortes
Para ficarem presos em palavras tão fracas
Da essência do que quero mostrar, pequenos cortes
Pequenas demonstrações de afecto pouco exactas...

terça-feira, julho 24, 2012

Cristal dentro de ti

Às vezes anuncio derrota
O espírito dança sem vontade
A alma quer estar morta
Vagueia num traço de insanidade

O odor de obter a conclusão
Já enjoa o âmago do meu ser
Existir parece uma obrigação
Um escravo, isto não é viver

E o Universo é tão grande
E ainda há tanto para saber
Neste inferno que se expande
E no que ainda havemos de conhecer

Ser especial não é suficiente
A inteligência é muito vaga
Seja lá o que for deixa-me demente
E a minha fútil vida amarga

A minha fútil vida depressiva
Depressão sem cura alguma
Só ilusão que me deriva
Da consciência e da bruma

Saber muito ou saber nada
Só tem valor à nossa escala
O contrário é uma noção errada
É o conformismo e a ignorância que fala

Somos brinquedos de alguém
E só há duas saídas desta dor
A ilusão de que está tudo bem
Ou o suicídio que te faça o favor

Ou o teu espírito atreve-te a saciar
Com a pureza e o que sentes de verdade
O poder de respeitar, contemplar e amar
Sentir sem auto-enganos essa felicidade

Desde criança que sinto e de algum modo sei
Que nada mais me pode deixar bem
Do que deixar e manter a brilhar
Este cristal que dentro de mim penso estar

quinta-feira, julho 19, 2012

Continuo com saudades tuas...

Faço nascer 2 rios em mim
Para poder descansar em paz
Acalmar esta dor que não tem fim
Que a nós os dois desfaz

Somos como um eterno monumento
Uma marca vigorosa de felicidade
Que dura mais que um momento
Mas desequilibrado pela saudade

As letras já não chegam para nós
Adoecidos somos por esta distância
Só me salva mesmo escutar a tua voz
Remédio viciante que me enche de ânsia

Arde em mim como um incêndio eterno
A vontade te acarinhar o teu ser
Tão intenso no verão como no inverno
Não há água que faça o desejo desaparecer

Agarra-me... Não me largues um segundo...
Ou caio de novo nos meus assombros...
Tu que és e sempre serás o meu mundo
Agarra-me... Ou fico reduzido a escombros...

A dor já é cada vez mais impossível de suportar...
Mas eu nunca te vou largar nem deixar de te amar...
Faz mais de um ano desde que me encantaste...
E muitos mais celebraremos, pois somos à prova de desastre

domingo, julho 15, 2012

O lento processo de desvalorização do poder

Estamos desorientados numa falsa noção
De que o amor pelo poder é tudo
Ser mais que os outros é a visão
Que contamina o nosso mundo
E conhecemos assim a nossa condenação
À miséria e ao tormento mais profundo
O ouro é um desejo inquestionável
A justificação morre com a sua solicitação
Simplesmente raro, simplesmente cobiçável
Todos querem morrer numa dourada ondulação
Uma maré de luxo, uma maré miserável
Uma maré dourada, uma maré de desolação
E vivemos sempre sob a mesma depressão
Sem consciencializar a inutilidade do que é material
Continuamos a comprar sem encontrar satisfação
Somos possuídos pelo que possuímos, dor abissal
E a propaganda hipnotiza-nos através da televisão
Tudo o que não precisamos ter, mas achamos essencial

E quando a revolta crescer e sentirmos evolução
E rasgarmos todo o papel mágico e vomitarmos o cobre cunhado
Formaremos a mais raivosa e louca união
A mudança toca as primeiras notas de um hino agoniado

Já percorremos um longo caminho de ódio e de dor
Já vimos o cataclismo e aqui estamos ninguém nos dirá como
Períodos de caos cíclico e agora auto-induzidos
Como se fossemos de espécies diferentes querendo estabelecer a diferença
Destruindo o mundo, destruindo a nós próprios
Conformismo para com compromissos com que nos amaldiçoam à nascença
Eu não nasci para pagar a dívida de uma nação nem ninguém
Todos nascemos para ser felizes e ninguém tem o poder de nos negar
Faltam uns passos para completarmos esta corda sobre o abismo
Larguemos o passado, deixemo-nos envolver pela nossa evolução

A cobiça morrerá com a delinquência, nascerá a humanidade
Demasiada bondade para dar valor ao que é material
Os frutos do mundo pertencem a toda a existência
Acabam os interesses, o coração humano arde tudo o que é mal
O amor e o respeito serão a nossa essência
Venceremos o nunca visto, o rei lagarto celestial

O império reduz-se a pó... O lugar mais próximo da utopia que alguma vez conheceremos...

terça-feira, julho 10, 2012

Inquisição

A chama arde vermelha
No teu corpo agoniado
A uma estrela se assemelha
Em cinzas o ser, em cinzas o pecado

sábado, julho 07, 2012

Estilhançando o Mundo

O ar paira entre nós sujo e pestilento
Imunda locomoção excessiva e dispensável
Destruímos o planeta e aceleramos esse andamento
Estupidez e inconsciência puramente execrável
Lixo é o tapete que se estende para nós
Felicidade descartável e falta de valorização
Humanidade egoísta que num acto tão atroz
Polui o planeta sem a mínima reflexão
Observa a destruição a nível industrial
O nosso esgoto são as águas que bebemos
A produtividade e lucro num método irracional
É a serventia para todos cedo morrermos
Sentimos já o clima habitual a mudar
O tão conhecido aquecimento global
Tempestades vemos onde não deveriam estar
Mas só paramos na consequência fatal
Cada vez mais perto de estilhaçar o mundo
Numa atitude de desvalorização e auto-desrespeito
Parecemos querer o nosso fim num atraso mental profundo
E só vamos lamentar depois de todo o mal estar feito

terça-feira, julho 03, 2012

O teu encanto

Sou matéria orgânica deambulante
Um corpo, vida sem sentido,
Dor profunda e incessante
Uma locomotiva sem rumo, estou perdido...

Indiferença surge perante glórias
Sou dispensável no meio da multidão,
Não crio nem influencio reais histórias
Só um coração que bombeia inútil vermelhidão...

Mas a frustração de trovador inaudito
Padeceu perante forças mais intensas,
Turvas por injustiças deste mundo maldito
Que percutem no meu peito em rasgadelas imensas...

Sou apaixonado no vácuo da existência
Não se estende aqui luz nem ternura,
A estrela pretendida tem coberta a sua essência
Aqui a carícia não vem a passear a sua doçura,
Mas outrora em mim caiu e deixou saudade
Esse teu encanto que quero para toda a eternidade!

Espero o tempo que passe e que leve as nuvens que te cobrem nesse pódio...