quinta-feira, dezembro 27, 2012

27 de Dezembro de 2012

Apenas os dois agarrados na margem do Rio Tejo
Saboreando ondas exaladas dos pulmões da paixão,
Ao passado contigo cada momento eu tanto invejo
Com sonhos de um futuro divagando na perfeição,
Apenas calma, apenas serenidade, apenas tu e eu
Multidão infindável mas só existem duas pessoas agora,
Só me importa agora o que mais brilha de entre o que é meu
Tu e só tu... Que me dás motivos para ser feliz a cada aurora,
Cada gesto... Cada palavra... O despertar de uma emoção inexplicável...
Dor no presente de quando escrevo esta memória
Mas é doce dor com lábios quentes a que foram anexados de forma inexorável,
Recordações de um dia que acrescenta um perfeito capítulo à nossa história!

Contigo as nossas almas viajam para longe juntas,
Fazendo tristezas e amarguras permanecerem defuntas.

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Máquina a Vapor

Noite...
Fria...
Anuncia o Inverno
Quem me levará?
Para lá...
Dos recantos deste Inferno...
Onde as questões...
Se interpelam
E descansam assim...
Sem emoções
Me flagelam
Quando penso no fim...
Desta história
Limitada...
Pelo tempo, pela morte
Que ceifará vida e memória
De mim...
E quem...
Sou eu...
Eu já nem sei...
Serei isto?
Estou a tornar-me máquina?
Já sabe a ferrugem
Mesmo sem ainda ver
A máquina a vapor
Que me faz supor
Será vida a vida?
Ou será vida a ceifa?
Ceifar a terra
Até a terra me ceifar a mim...
Num sistema obsoleto
Em que ninguém vê o ridículo
Nascer, ver filho, ver neto..
E partir deixando-os aqui...
Num mundo em que os corações
Bombeiam vapor...
Para uma causa...
Em que eu não acredito...
Somos carvão humano...
Num campo de concentração sofisticado...
Mas com entretenimento insano...
Nem vemos...
O círculo de rede...
Em que estamos presos...
Marchamos diariamente
Para algo que nunca escolhemos...
Uns cegos... Outros lacrimejam...
Eu lacrimejo...

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Podridão II: A Sobrevivência...

Atraiçoando contra a minha vontade
As estruturas do que me compõe,
Perdido num deserto de diversidade
De métodos de tortura de que a existência dispõe,
Nestas ruas já nem existe poluição
Cheira a cancro e habituamo-nos a sentir,
Nódulos nauseantes tão forte a emoção
Perante tal grotesco a que temos de assistir,
Caio de podre lamentando a minha impotência
Pele, carne, osso... Tudo se fragmenta,
Até as minhas lágrimas caiem providas de "excremência"
Cada hidrato de carbono no tecido se fermenta,
Os meus músculos e a minha pele munidos de gás
Dor aguda penetra nos nervos da minha alma,
Transpiro ou sangro? Uma pergunta de pertinência voraz
Pois lidando com tamanha agonia não consigo pensar com calma
Apertando desfaço um pouco do meu esquerdo polegar,
Um vício masoquista mas que já não é tão estranho
O meu débil estado tirou-lhe a força de executar,
Qualquer reles tarefa e aqui resplandece quase castanho
Estou tão imundo que aos vermes causo nojo,
As bactérias nas minhas eternas feridas são a minha única amizade,
Na minha locomoção eu impulsiono-me de rojo
E tão negra quanto a minha esperança quando penso em felicidade...
Um líquido no meu percurso mistela de negro com escarlate
Misturado com o que regurgito porque me incomoda muito,
Isto é o que sinto com a verdade que em mim se abate
A renegação da escravidão foi sem intuito...
E acordo pensando em algo que com pouca dor me mate
Porque não quero prosseguir com tamanha desilusão
Com a necessidade de um futuro de que a alma não tem precisão...
Só a sobrevivência...
Como eu odeio ter de sobreviver...
Neste planeta perdendo a sua essência...
E longe da única coisa que preciso de ter...