quinta-feira, dezembro 13, 2012

Podridão II: A Sobrevivência...

Atraiçoando contra a minha vontade
As estruturas do que me compõe,
Perdido num deserto de diversidade
De métodos de tortura de que a existência dispõe,
Nestas ruas já nem existe poluição
Cheira a cancro e habituamo-nos a sentir,
Nódulos nauseantes tão forte a emoção
Perante tal grotesco a que temos de assistir,
Caio de podre lamentando a minha impotência
Pele, carne, osso... Tudo se fragmenta,
Até as minhas lágrimas caiem providas de "excremência"
Cada hidrato de carbono no tecido se fermenta,
Os meus músculos e a minha pele munidos de gás
Dor aguda penetra nos nervos da minha alma,
Transpiro ou sangro? Uma pergunta de pertinência voraz
Pois lidando com tamanha agonia não consigo pensar com calma
Apertando desfaço um pouco do meu esquerdo polegar,
Um vício masoquista mas que já não é tão estranho
O meu débil estado tirou-lhe a força de executar,
Qualquer reles tarefa e aqui resplandece quase castanho
Estou tão imundo que aos vermes causo nojo,
As bactérias nas minhas eternas feridas são a minha única amizade,
Na minha locomoção eu impulsiono-me de rojo
E tão negra quanto a minha esperança quando penso em felicidade...
Um líquido no meu percurso mistela de negro com escarlate
Misturado com o que regurgito porque me incomoda muito,
Isto é o que sinto com a verdade que em mim se abate
A renegação da escravidão foi sem intuito...
E acordo pensando em algo que com pouca dor me mate
Porque não quero prosseguir com tamanha desilusão
Com a necessidade de um futuro de que a alma não tem precisão...
Só a sobrevivência...
Como eu odeio ter de sobreviver...
Neste planeta perdendo a sua essência...
E longe da única coisa que preciso de ter...

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