sábado, março 09, 2013

Se Tenho Coração, É Teu

Ondas de imaculadas sensações
Quando se saboreia algo tão delicioso
Outras percepções são desilusões
Capta-se herege e pecaminoso
É uma vergonha viver no suficiente
É embaraçoso quando os olhos fecham
É humilhante sentir deficiente
A terra onde os meus pés flamejam
Levei década e meia a encontrar o caminho
É uma vergonha não conseguir passar
Com um fantasma de ética a assombrar
A decisão de não me ver tão sozinho
Na qualidade do que é físico
Quando um saboreia tão alto
Qualquer outra peripécia o deixa tísico
A monumentalidade o induz ao salto
Mas a esperança acorrenta-lhe os pés
Após ténues visões de mundos escarlate
Que se tornam cinzentos ao invés
Na melancolia que ainda que não me mate
Pinta-me painéis de desespero
Na indubitável verdade de que te amo
Que delicia mas rasga não é exagero
E nestes doridos momentos eu declamo
Porque saboreei e vi tons de perfeição
Nos olhos e em todo o teu semblante
E me vejo na posição mais humilhante
De ter que caminhar a terra sem emoção
Porque se eu porventura tenho um coração
Que se faça amorfa matéria
E que se molde nas tuas mãos
Porque não suporto mais a miséria
De não estar nas tuas mãos
De não tocar as tuas mãos
De não ver as tuas mãos...
Gasto-o em ti...


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