terça-feira, janeiro 07, 2014

A Razão Morreu

Usei a razão para descobrir
Que sou essencialmente irracional
E vão puxando sem sucumbir
A carroça que tombou, o cavalo emocional
E o cavalo do que é físico e corpóreo
E cada vez aceito com maior agressividade
Que o que outrora era complexo, é agora acessório
E mais me pesa no espírito, a ainda tenra idade
E a culpa é minha, absolutamente minha
Que me atrevi a raciocinar
Num mundo em que sou um ponto numa linha
Até ao dia em que a morte me venha buscar
Fragmento-me em dois, o eu social
Com todas as características que não interessam
E o eu despedeçado como um vidro numa catedral
Marginalizada por todos os que se atravessam
No meu intenso e alucinante sonhar
A razão deixou de ser para mim pragmática
Mas quanto mais se pensa, mais se quer pensar
A máquina é programada com mais complexa matemática
Mais intensa, mais exaustiva, mais, mais, mais...
Tchuff, zás! Sons electrónicos, sobreaquece errática
Ai, se alguma vez julgaram meus pais
Que o seu progénito teria na sua alma tamanho estigma
Como tirado de catacumbas da antiguidade
É tudo em mim um fervoroso enigma
Tanto quis ser humano que larguei a minha humanidade
Amo a minha pátria e o meu povo
Amo a distante justiça e a igualdade
E ainda nos meus 18, sinto-me velho mas sou tão novo
E já questiono o valor de tudo isso
Eu nem culpo o azar ou a sorte
Tenho medo, rio disso, e estou submisso
Tal é o horror que tenho que às vezes perco o Norte
Não fossem umas asas de anjo me acolherem
E a minha vida não teria linha de história mas um corte
E quanto mais vejo todos os Deuses a morrerem
Mais eu temo o mundo e temo a morte...

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Terceto da Coesão Social

Pobre e desolado é o homem
Que perante um mundo variado e vivo, o despreza e destrói encadeado na perdição do digital.
E a maioria de nós é esse homem.