segunda-feira, março 16, 2015

Coração de Ferro e Entranhas de Bronze

Venho a este danado canto de novo
A pesada bruma da vida aqui me levou,
Saudade abrupta de uma vida de um povo
Olá ignorância infantil que me deixou,
Aqui nos encontramos mais uma vez
Quando pensava ter-me visto livre de ti,
Como tens passado e o que vês,
Neste rosto assustado de mim.
Todos nós temos de morrer um dia
E isso dói no nervo da memória,
Quando toda a luz deixa a cova vazia
Porque o corpo já não faz história,
E deixa o planeta em apodrecimento,
Até ao dia em que o lobo coma o Sol
E é no fim que nasce este desalento
Que me deixa pesado e inerte num anzol,
Isco e engodo de ansiedade e sufoco,
Tremo na fobia trepidante da morte
E com cada noite de silêncio rouco,
Temo neste mundo perder o Norte.
Consumido pela amarga escuridão
Que traz a sádica e lógica sinapse
Porque não há possível salvação
Arrepiante existência aguarda o colapso
E nada há de mais triste e cruel,
Que o auto-conhecimento e consciência de um fim
E que sou tão frágil como o papel,
E nele preciso de merecer memória de mim.
Um dia esta espada e este escudo estarão pousados
A minha luta terrestre termina no desconhecido
E este corpo fútil estará prostrado
Alguém me virá buscar ou ficarei esquecido...